Estando ela, certo dia, em mais uma das aulas de corte e costura, heis que aparece por lá também, uma vizinha que morava do outro lado de um riozinho que passava nos fundos de sua casa...

Havia feito sua matrícula para o mesmo curso, iriam ser colegas de classe. E daí surgiria uma grande amizade entre as duas...

Faziam confidências entre si. Uma, contava para a outra, as alegrias e as tristezas vividas. Sendo que, a nova amiga era casada com uma pessoa mais velha do que ela e, não tinham filhos.

O marido era dono de um comércio de frutas e verduras no mercado da cidade e, a esposa o ajudava na parte da manhã quando o movimento era maior e, depois disso ia de volta para casa á fim de fazer o almoço e cuidar de outros afazeres. Mais tarde então, ia ela para o curso.

As duas trocavam idéias á respeito dos trabalhos feitos na escola e, conversavam bastante.

Certo dia, a amiga sabendo que ela gostaria de trabalhar para ganhar o seu próprio dinheiro e, vendo nela uma menina muito esperta, de pouca idade, mas responsável, fez-lhe o convite: _ Venha trabalhar conosco!  Trabalham lá mais duas moças, você pode vir também, já até falei com meu marido!

Ela então ficou radiante! Mas teria que mudar o seu horário na escola... Teria que passar seu curso para o horário da noite.

Bem! Mas este não seria o problema, iria fazer isto mesmo, falaria com o pai, se ele estivesse de acordo, iria dar tudo certo! Vontade de trabalhar era o que não lhe faltava...

E assim foi feito!

O pai lhe autorizou para o trabalho e, lá foi ela... Cheia de razão!

Em seu primeiro dia de trabalho, o patrão pediu que ela falasse para o pai vir até ele. Queria falar-lhe! Queria saber dele, se teria dado mesmo autorização para que ela fosse trabalhar.

(Era tão pequena e magrinha... Parecia até que, estavam brincando com ele...) Caso fosse sério mesmo, queria saber o quanto deveria lhe pagar se Cr$ 200,00 estaria bom para começar.

Foi dado o recado e, no outro dia o pai estava lá.

Conversaram e, foi acertado, estava bem. O patrão é quem sabia...

E, foi assim que, com onze para doze anos, começou a trabalhar.

Era encarregada de chegar bem cedo, 6hs da manhã, junto com as outras colegas de serviço. O patrão chegava com as verduras e frutas, que ia buscar no mercado municipal em São Paulo, mais ou menos as 7hs da manhã e, neste horário, o local deveria estar limpo, com as bancas de verduras e frutas todas limpas e prontas para receber a nova mercadoria que chegava...

Trabalhava-se todos os dias da semana, até quase ás sete da noite, menos no domingo que o expediente ia até o meio dia ou uma hora da tarde, se houvesse ainda algum freguês para ser atendido.

Mas isto, era por ela “tirado de letra”!

continua