A Segunda Queda - 3

3

E o senhor levantou puxou a caixa de sapato que estava em cima do guarda-roupa e da caixa retirou o revolver. Lembra de como o conseguiu? De como chegou à sua mão? Ele veio dentro de uma caixa com fita violeta contendo cinco balas e o senhor pediu para testá-la, então saiu no quintal acompanhado da sua querida mãezinha dona Catarina e seguranças, pediu para um deles garrafas e as colocassem num local, o segurança arranjou rapidamente as garrafas e as ajeitou da maneira que elas deveriam permanecer. O senhor retirou o revolver da caixa, pegou uma bala e colocou no tambor, colocou outra, mais uma e a próxima, falou alguma coisa, palavrão, mirou o revolver e disparou acertando a garrafa da ponta. Disparou na esquerda em seguida no meio, o senhor se irritou e berrou de descontentamento: “Ah, merda!” Disparou na perna de um segurança que caiu berrando de dor. O rapaz gemia e o senhor foi andando com sua querida mãezinha que passando perto do segurança ferido disse: “Tire esse bosta, detesto homem chorão. Andem, que marica.” E os restantes obedecendo pegaram seu companheiro e o retiram dali, o senhor colocou o revolver na caixa, fechou-a e falou: “Não serve, muito ruim.” E mandou guardá-la e ele foi o único que restou além das roupas, só que sem a caixa que o senhor rejeitou está na sua mão de novo e o senhor coloca por dentro da calça, retira a madeira, retira o trinco, destranca a porta com a chave, abre e sai sem direção à procura de alguma coisa para comer ou trocados. A única pessoa que entendeu o seu motivo foi sua mãezinha querida, mas o senhor não precisava pegar numa arma a casa possuía oitenta seguranças da Guarda de Honra que tinham permissões de utilizar qualquer tipo de armamento, aqueles disparos que o senhor realizou foram apenas um exercício, para não perder a pratica disse nesse dia, sabemos que era um bom atirador e como presenciamos não perdera a pratica. O segurança ferido dirigiu-se para o hospital municipal, disse que não voltaria, reclamou que o senhor não era um homem e sim um monstro, depois dessa reclamação não o avistamos mais e nunca saberemos o porquê. No entanto, nessa época houvera vários desaparecimentos de seguranças da Guarda de Honra, vinte homens desapareceram sem explicações, seus paradeiros são ocultos. O que narram é que esses seguranças tomando a honra do companheiro ferido e com os maus tratos e que diziam que o senhor era maluco e que um maluco no poder acabaria com o país eles aliaram-se para tirá-lo da presidência esses vinte homens tramaram a estratégia de um novo golpe. Eles não contavam que haveria um delator (não no meio deles) que secretamente ouvindo escutara o plano e a traição que abateria sobre o senhor. O delator ficou dia escutando os detalhes do plano e possuindo informações relatou para sua querida mãezinha dona Catarina que imediatamente a sós informou tudo para o senhor.“Traidores filho, traidores na casa querendo sua cabeça.”

O senhor escutou o que sua mãezinha querida ouviu do delator ficou refletindo o problema e falando avisou sua mãezinha.

“Peça para o rapaz que lhe contou que venha aqui.”

Sua mãezinha querida ordenou o segurança que ligeiramente trouxe o delator.

“Quero ouvir da sua boca homem, o que falou a minha mãezinha.”

E o delator repetiu as mesmas palavras que contou para dona

Catarina. Terminado o senhor mandou o delator sair ficando o senhor e sua mãezinha querida.

“Se há ervas daninhas em seu meio o que deve ser feito? Elas devem ser eliminadas pela raiz. Meu filho não perca tempo, pegue-os de surpresa, arranque essas ervas do seu meio.”

Tomando a decisão da sua mãezinha querida quis a presença do chefe da Guarda de Honra e falou nas seguintes palavras: “Alguns merdas estão querendo trair o presidente, gente má querendo entregar o país, gente espiã que serve ao inimigo. Quero que dê um fim nessas merdas, arranje uma desculpa, um trabalho, qualquer coisa e não me venha com choradeira, só retorne quando trouxerem boas noticias.” O chefe da Guarda de Honra comunicou os vinte seguranças de um trabalho que o senhor ordenou longe da cidade.

E os vinte foram colocados dentro de um caminhão baú e conduzidos num local num local distante e deserto era uma armadilha. Infelizmente não houve tempo, um gás liberou-se dentro do caminhão, desespero, pedidos de socorro, o horror demorou minutos e acabado o caminhão foi aberto e neste local os vinte foram enterrados, além de que as famílias receberam ameaças e tiveram que desaparecerem sem que o país ficasse sabendo.

Não apenas esse fato apareceu na época, aconteceu à revolta, não única. A primeira foi da igreja, o bispo exigiu uma colaboração, mas a exigência o senhor entendeu como ameaça e no dia seguinte discretamente o bispo deixou o país sem explicar o motivo.

Aconteceu a dos padeiros que reclamavam do aumento do trigo do país estrangeiro que era altíssimo. O senhor resolveu da maneira peculiar mandou incendiar as casas de pães caso algum padeiro continuasse reclamando. Houve a dos lojistas que com tanto vestuário chegando de fora estavam caindo em falência. Fizeram passeatas, bateram latas, vários protestos. O senhor convocou a Guarda de Honra e deu termino ao protesto. Digamos que utilizando a força da borracha e da brutalidade, a Guarda de Honra não economizava na violência quem caia nas mãos deles eram violentados não prendiam, mas quando faziam o encarcerado sofria agressões e poucas vezes sobrevivia na qual se desculpava como se fosse apenas acidente. Se para alguns o senhor era o medo, para a classe baixa o senhor era o excelente presidente. O senhor utilizava os meios de comunicação para manipular a opinião da classe baixa que era a maior do país que não possuíam informações nem estudo e educação. O que necessitavam e encherem as barrigas, o pão, o café e o leite e não baboseiras, o senhor tinha o povo nas mãos e manipulava a situação porque qualquer protesto que acontecia era uma forma de traição perpetrada pelo inimigo um protesto era sinônimo de gente traidora do país e do presidente. O senhor manipulava a população através de longos discursos em rede nacional assim era fácil, pois a população não pensava e o senhor fazia o que bem entender e quando saia em desfile no jipe do exercito com sua querida mãezinha dona Catarina a multidão lotava com suas criancinhas, idosos e adultos acenando de bandeirinhas e o senhor de branco maravilhava-se com a multidão aclamando ou dando vivas ao presidente.

Tudo acabou, os desfiles, a Guarda de Honra, as suas roupas e o povo. O senhor saiu à procura de alguma coisa pra comer ou pedir moedas carregando um revolver por dentro da calça. O único problema que existe uma bala e se houver um deslize poderá colocar tudo a perder. A fome é grande, sua perna dói, arrasta com dificuldade. O senhor arrastou-se numa passagem que poucos utilizam era um caminha onde dava para ver o lago da cidade, um atalho para chegar ao centro da cidade, quase ninguém usa esse caminho acham perigoso. Mas para o senhor a sorte estava a seu favor. Vinha uma mulher com sua bolsa, uma mulher bem vestida de colar no pescoço, elegante. Sem perder tempo arrancou o revolver e apontando a arma anunciou o assalto:

“Passa a bolsa mulher anda!”

A mulher não entendeu.

“Passa a bolsa, anda!”

A mulher não reagiu. O senhor pulou na frente dela, agarrou a alça da bolsa fazendo a mulher acordar e lutar para defender seu objeto.

“Solta mulher, você sabe quem eu sou, mandei no país, devia obedecer, anda!”

E os dois lutando um querendo a bolsa outro defendendo seu pertence. Foi uma luta cansativa, demorada e a mulher pegou a mão que o senhor segurava o revolver na escolha de fazê-lo cair e o senhor teve que defender seu revolver e ambos levaram na altura do peito, o senhor ficou frio, poderia dar errado e deu. O senhor sentiu um tranco, um som abafado e seco, arregalou os olhos e a mulher que lutava com o senhor caiu e o senhor viu sua camisa manchada de sangue, olhou assustado para a mulher caída, ajoelhou, tocou no pulso para encontrar algum sinal, a mulher está morta. O senhor ficou confuso, não sabia se pegava a bolsa e saia correndo ou ajudava a mulher. A mulher estava longe de ajuda e o senhor poderia pegar a bolsa e correr, a perna não corresponderia e logo haveria testemunhas. O senhor olhou o lago e rapidamente teve uma idéia. Pegou o corpo da mulher e o arrastou até em baixo na beira do lago, subiu e andou com a perna dolorida para o seu quartinho. Abriu a porta, trancou-a, passou o trinco, colocou a madeira atravessada na porta, à respiração era grande, o medo no corpo. Retirou o revolver de dentro da calça e o que o senhor fez foi libertar um grito, um grito alto. Quem estava do outro lado ouviu e perguntaram, quem é esse homem?

O senhor ficou sentado, estava assustado qualquer ruído, movimento o senhor levantava. Coçou a cabeça, olhava para os cantos do quartinho e lembrava da mulher morta no lago. Tem a certeza de que o corpo não vai ser encontrado, o mato está grande e encoberto isso dificulta a visão. A bolsa está do seu lado, a bolsa que foi a culpada. O senhor esqueceu-a, por causa dela o senhor matou uma pessoa e a bolsa está ao lado. O senhor lembrou dela, pega, na esperança de que aja alguma quantia para justificar a confusão que o senhor submeteu. Foi por necessidade que o senhor cometeu o assassinato, mas quando era presidente o afetou e a bolsa traria desculpa para o que cometeu. Abriu o ziber da bolsa, o senhor colocou a mão dentro, vasculhou, vasculhou fundo, virou-a pra baixo, sacudiu, nada caiu. A bolsa estava vazia, nenhum objeto dentro. E além de ordenar mortes também matou e essa morte não o afetaria. Encano, essa Contrariado abriu a parte pequena, enfiou a mão e sentiu algo, puxou e era o documento da mulher. O senhor furioso jogou o documento que bateu no espelho do guarda-roupa. Levantou, colocou as mãos na cabeça e inconformado disse: “Mas que merda!”

Foi tão alto que as mulheres escutaram e assustadas cada uma entrou em suas casas e trancaram as portas. E o senhor nervoso olhou sua camisa manchada de sangue e retirando-a deixou no chão. “Mil vezes merda!”

Falou alto de novo. Os pestinhas ouviram, mas riram em vez de saírem correndo.

“Deu errado mãe, seu filho fez merda, pode bater eu mereço, bata em mim mãe.”

Está sozinho no momento e as coisas precisavam ser consertadas. Pegou a camisa manchada que precisa ser eliminada a evidencia do crime estava nela e o senhor possuía o documento da mulher e pegando descobriu sua identidade. Margarida Gonzáles. Margarida Gonzáles, de onde tinha ouvido esse nome? Agora não precisava, ainda tinha sol e o senhor esperou a noite cair para resolver a confusão que arranjou.

Enfiou a camisa por dentro da calça, colocou o documento da mulher no bolso e saiu. Já era noite. Com a perna dolorida foi passando diante dos moradores, mas não olhou ninguém eram menos do que nada, o senhor voltaria e desceria no lago. No caminho retirou a camisa manchada e discretamente jogou no latão de lixo, esfregou as mãos, estava livre da evidencia. Margarida Gonzáles era o nome dela e o seu corpo está na beira do lago à sorte que a noite chegou pessoa alguma iria pará-lo da maneira que passaria despercebido. Não havia ninguém passando no local, a iluminação precária impossibilita a presença de indivíduos mesmo assim esperou e confirmando desceu onde estava à mulher margarida Gonzáles. Ela ainda não fedia, fazia poucas horas que estava morta e nem parecia o que denunciava era a mancha de sangue na roupa. Havia o colar no pescoço, o senhor não ousaria pega-lo, olhou para ela e retirou o documento, enfiou-o no meio dos seios dela, desabotoou dois botões, abriu o botão e o ziber da calça dela, abaixou uns centímetros, pouco, não queria demonstrar a roupa de baixo, pegou os braços dela e a puxou deixando a metade do corpo entre a água e a margem e subiu de volta a rua, verificou, não dava pra ver e o senhor com a perna dolorida voltou para o quartinho no colchão fino e velho, suspirou de cansaço, no entanto não tinha vencido a fome

...

(Continua)

Rodrigo Arcadia
Enviado por Rodrigo Arcadia em 23/02/2011
Código do texto: T2810597
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.