Epilogo

As quarenta anos Olívia decidiu que queria escrever sua história. Não a história da professora, esposa e mãe de filhos. Queria contar a história da menina heroína que, a despeito da violência e da fome, conquistou para si dignidade e respeito.

Escreveu a primeira coisa que se lembrou. Quase se via na horta da casa antiga. Lembrou-se da mãe, dos irmãos, do pai, da avó e dos tios. Todos, à sua maneira, haviam deixado fragmentos na narrativa de Olívia. Mas de todos, podia dizer que amava mais a si mesma. Foi a única que não desistiu de si. Olívia sorriu quando olhou no espelho e se viu assim, uma balzaquiana existencialista que viveu uma história mais linda que a Ilha Perdida do Defoe.

Viu que era capaz de rir daquilo tudo. Agora já podia finalizar a história.