O primeiro baile... 10

 

E, na hora de fazer as contas, vocês hão de pensar que daria um trabalhão, mas que nada!  Ela já tinha tudo prontinho... As fazia de cabeça, ia calculando e somando, uma coisa á outra, para não perder tempo!  O total já vinha ali, certinho!

Se havia uma coisa que ela tinha aprendido muito bem, era a tabuada e, consequentemente, as quatro operações.

Mas algumas pessoas, no início não confiavam... Queriam ver as contas feitas ali no papel. E, ela então, não se fazia de rogada, com toda a paciência, lançava mão de papel e lápis, (naquele tempo não havia esta facilidade que há hoje, as maquininhas de calcular) e ia revendo toda a mercadoria e

colocando peso e preço, um ao lado do outro e, por fim somava tudo... Bingo! Era batata! Ela só dava uma daquelas olhadas para a freguesa exigente e, sorria...

Mas com o passar do tempo, todas elas já sabiam que podiam confiar. Algumas até a escolhia para que fossem atendidas por ela... Era mais rápida!

Há! Tinha também as freguesas da Ligth!  Essas não vinham até ali para comprar. O cunhado do patrão, que também trabalhava com eles, é que atendia esta freguesia. Após chegarem do mercado, ele com mais uns dois meninos que o ajudavam, carregavam o caminhão com os pedidos feitos no dia anterior e, iam até a vila dos funcionários da Ligth, que ficava há alguns km dali, para fazer a entrega, das frutas e verduras pedidas.

Alguns de “vocês,” os mais idosos, devem lembrar-se de que, antigamente, não havia“ fiscalização” como há hoje.

Os alimentos eram embrulhados em folhas de jornal ou revistas...

Há! As revistas! Estas vinham já lidas, doadas pelo pessoal  da Ligth, para que fossem usadas no empacotamento das mercadorias... E como ela adorava aquilo! Eram revistas, jornais e até livros! Os livros então! Não ficava um sem que ela o lesse! Era uma fome de leitura! Não pode estudar, mas em compensação, lia tudo o que caísse em suas mãos e que fosse escrito em português, é claro! Porque, ás vezes, junto ás revistas e livros chegavam também, alguns volumes escritos em inglês. Isto acontecia devido ao grau de cultura de algumas pessoas que trabalhavam ali, na Usina da Ligth eram engenheiros, técnicos, montadores de máquinas, que eram contratados e vinham dos Estados Unidos trabalharem trazendo também suas famílias.

 

Continua.

Zelia C Silva
Enviado por Zelia C Silva em 26/02/2011
Reeditado em 10/09/2011
Código do texto: T2816887
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