UM CONTO DE JOHN E LAURA (Cap. 1)

Podem acreditar em minhas palavras.

Poderia estar chovendo, nevando, até mesmo trovejando ou chovendo canivetes... Era só ela chegar que tudo ficava bem.

As núvens íam embora, dando lugar ao sol, alegrando o dia e formando um belo arco-íris.

até pássaros surgiam do nada para cantar em louvor a ela.

Linda como eu nunca ví mulher igual.

Ela era tão simples e comum. Acho que este era o seu charme.

Chamava a atenção de todos os homens da classe.

Chamava, e muito, a minha atenção, mas nada era comparado ao velho...

Seu nome era Laura. Simples, só cinco letras.

Letras que o velho admirava. Letras que eram valorizadas comom algo divino.

Letras que o velho John guardava em seu coração.

Haviam jovens, velhos jovens como eu, mas nenhum era tão dedicado a ela como John.

John sorria diferente dos outros. Ele sorria sem maldade. Sorria de coração, com toda a alma. John sorria de verdade por Laura.

Ele guardava o lugar dela. Ajudava ela a por o casaco no frio.

Ele massageavaas suas costas quando a mesma chegava cansada do trabalho.

John era um cara legal. Era um velho muito tranquilo. Laura era uma jovem, uma mulher formada que, ainda sim, parecia uma adolescente no auge de sua vida, esbanjava juventude.

John respondia suas perguntas. Tirava suas dúvidas. John a ajudava como um mestre. A admirava como uma deusa. A protegia como uma princesa. E a verdade, John amava Laura como um homem ama uma mulher.

John e seus cabelos grisalhos, Laura e seus cabelos longos e perfeitamente desenhados.

Eu, escrevendo sobre os dois, no fundo da sala e os pássaros cantando na árvore do lado de fora.

Um monte de jovens, eu, árvores, pássaros, arco-íris, John e Laura, dividindo o mesmo espaço. Era tudo lindo. Tudo maravilhoso.

Era tudo, o que Laura significava para John.

Era nada, a lição que eu havia copiado no dia porque escrevia sobre Laura e John.

Laura não era perfeita. Eu era cego, por isso, usava óculos escuros e tocava piano para ganhar moedas nos finais de semana.

John era sábio. Não agia com o coração para não se tornar escravo do mesmo.

Só, sozinho e tão somente John, sentado numa cadeira fria quando Laura não aparecia.

Lobos cruéis, famintos e desesperados, eram os homens em volta de Laura, quando John não estava.

Não sei o que Laura desejaria se encontrasse um gênio que a cocedesse apenas um pedido.

John desejaria ter Laura em seus braços.

Eu desejaria ter mais desejos.

O gênio desejaria ser John.

As outras garotas da classe desejariam um sapato novo da moda.

Os outros rapazes desejariam mais uma rodada de cerveja.

Por isso não existem gênios que realizam desejos.

Eu observava o casal, que ainda não era um casal. Eu não sabia se seriam um casal algum dia ou se já faziam parte de casais, cada um.

Assim como eu, Laura e John tinham familia.

Pessoas especiais. Pode ser que John fosse casado e Laura também. Não sei.

No fim de semana toquei no piano as músicas "Imagine" e "La Soledad".

Continua...

Marcelo Cruz Dantas
Enviado por Marcelo Cruz Dantas em 03/05/2011
Reeditado em 03/05/2011
Código do texto: T2947055
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.