Tempo perdido – Parte três. (Apocalíptico de Renato Russo)

- Vejo o sol dessa manhã tão cinza. A tempestade que chega é da cor dos teus olhos: castanhos.

- Então, me abraça forte! Me diz mais uma vez que já estamos distantes de tudo.

- Temos nosso próprio tempo... Temos nosso próprio tempo... Temos nosso próprio tempo.

- Não tenho medo do escuro, mas deixe as luzes acesas.

- Agora?

- O que foi escondido é o que se escondeu.

- E o que foi prometido?

- Ninguém prometeu.

- Nem foi tempo perdido?

- Somos tão jovens. Tão jovens... Tão jovens.

Aplausos desvairados do público de pé. Assovios. Por todos os lados, bonés sendo jogados ao ar. Hips. Hurras. A cortina se fechando, os atores se curvando. A reverência Mathias com uma lágrima a escorrer-lhe dos olhos.

Pandora Ibsen
Enviado por Pandora Ibsen em 26/11/2006
Reeditado em 26/11/2006
Código do texto: T301592