Páginas Vazias

Páginas Vazias

Novo Horizonte era um município conhecido pelas suas belezas naturais. Uma cidade litorânea possuía uma praia muita “visitada”, a Praia dos Amores. Nela muitos casais viveram romances “felizes”, outros se desiludiram. Apesar disso, a população local conta uma história triste mais que guardei em meu livro de viagens.

Tudo começou com uma brincadeira inocente, Marisa tinha por Pedro, uma amizade de longa data. Eram como unha e carne, pareciam irmãos. Dividiam tudo. Os problemas, angústias, momentos felizes, derrotas, vitórias. Cresceram juntos. Marisa tinha 17 anos, tinhas os olhos esverdeados e os cabelos loiros. Pedro acabara de completar 18 anos, tinha os cabelos negros como a noite, os olhos azuis como o oceano. Fora se alistar no exército. Já Marisa, queria estrear no teatro de Novo Horizonte, um musical que tanto ensaiava.

Pedro servia o exército, passava dias afastados de Novo Horizonte. Marisa sentia sua falta, e para o tempo passar depressa, dedicava-se a sua paixão: a dança. Ela era uma dançarina perfeita. Desde menina se apaixonara pela arte.

Marisa sentia uma saudade infinita de Pedro, nunca sentira tal sentimento daquela maneira. Aos poucos, começava a repensar sua amizade por ele. No seu íntimo sabia que sentia algo muito mais forte, inovador.

Certo dia, numa manhã, recebeu uma carta de Pedro. Nela ele dizia que sentia falta de sua amizade, que fora promovido dentro do exército e que conhecera uma pessoa muito especial na cidade de Pedra Bonita, divisa com Novo Horizonte.

Marisa se sentia muito mal. Apesar de saber que seu melhor amigo estava feliz com sua nova situação, sentia uma dor de perda muito grande. Pior, perda de um amor, que não sabe se era recíproco. Não sabia o que era o amor, quando este chegou em seu coração, não pudera vive-lo com quem amava.

Resolvera se declarar, e pôr um fim nesta amizade, afinal não suportaria ficar perto de Pedro, vendo-o descobrir o amor nos braços de outra.

Marisa escreveu uma carta revelando tudo para Pedro, esclarecendo que se apaixonara por ele, e que se não pudessem ficar juntos, era melhor que não se falassem definitivamente. Suas lágrimas molhavam o papel. Sentia-se incompleta, queria poder demonstrar seu carinho apenas uma vez. Para o azar de Marisa, sua carta levou 5 dias para chegar ao seu destino, e Pedro, já não estava mais em Pedra Bonita, fora para Rio Branco no Acre, transferido do exército.

No decorrer de seis meses, Marisa não teve mais notícias dele. Parou com a dança, já não tinha mais vontade de continuar sozinha. Fizera plano para uma nova vida ao lado de Pedro. Sua família não sabia mais o que fazer para reanima-la, estava em depressão. Em seu íntimo, achava que ele preferira a distância a viver o amor que ela oferecia.

Na manhã daquela última sexta feira do mês de dezembro, Marisa se matou. Cortou os pulsos na banheira. Fora uma tragédia. Ou melhor, uma dupla tragédia.

Sábado à noite, Pedro chega a porta da casa de Marisa. Tinha um lindo buquê de rosas vermelhas e um anel. Como o destino ás vezes é tão cruel. Se Marisa tivesse esperado apenas mais um dia.

Quando soube do ocorrido Pedro não acreditara. Deixou em seu túmulo uma carta e uma rosa. Na carta, Pedro pedia perdão por demorar tanto a voltar, e explicava que sempre a amou também.

Pedro caminhava em direção a saída do cemitério, sentia no ar o aroma do perfume de Marisa.

Sentada sobre o próprio túmulo, a alma daquela jovem que cometera o pior erro de sua vida chorava com uma rosa em suas mãos.

A passos vagarosos, vê-se um homem, triste e solitário, fazendo uma última anotação em seu diário. Acabara mais um capitulo em sua vida. Talvez, seria o mais doce.

Priscila Canedo
Enviado por Priscila Canedo em 28/11/2006
Código do texto: T303532