o medo como educação

 

Fazia uma tarde diferente... A chuva veio e foi, tão, rapidamente... Era verão... Estávamos eu, minha mãe, meus irmãos menores e uma ou duas vizinhas da minha mãe, no quintal da nossa casa, após a chuva... Eu estava querendo que a minha mãe me comprasse um ioiô. O vi com a gurizada da escola e com a da vizinhança... Como eles dominavam, tão, bem aquele jogo interessante com aquele brinquedo inusitado!...Cada um mais colorido e mais bonito que o outro naquele vai e vem seguro por fios de cores diversas... Eu sabia o quanto seria difícil ter aquele brinquedo, pois a nossa família economizava muito pra termos o nosso sustento. Éramos oito irmãos – os dois mais velhos eram adolescentes e, já, ajudavam o meu pai no “trampo”... Abracei a minha mãe e, não resistindo, arrisquei a pedir, baixinho, no seu ouvido, com as mãozinhas em concha e, timidamente, o brinquedo desejado... Minha mãe me afastou dela e respondeu: “O que você quer? Um ioiô?... Ah! tá bom!... Olha praquele lado” – me apontou a uma direção – e me assustei quando vi, desenhado no infinito, uma enorme faixa colorida... E ela continuou: “Então, quer mesmo um ioiô?  Viu?   Tá vendo?...É o seu castigo por estar insistindo... Vá, pegue o ioiô!!! “     O desespero devido ao medo de ser, mesmo, um castigo, me trouxe lágrimas... Entrei correndo pro interior da casa e me postei diante de uma imagem pedindo que “aquele ioiô “ não se agigantasse mais pra não engolir nós todos... Lembro que, nunca mais fiz qualquer pedido, sequer, a minha mãe... somente descobri que aquele ioiô gigante era o resultado da chuva após o sol surgir, isto é: um arco íris


rigveda
Enviado por rigveda em 01/08/2011
Código do texto: T3132898
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