O buraquinho

Quem passa por aquela rua não exatamente naquele mesmo horário vê

Fuça e se espanta.

Ri e colore avermelhado o semblante.

Uma mulher de vestido preto colocou-se aos prantos e com as mãos sobrepostas sobre a boca tentava silenciar-se.

O que viam naquele buraquinho era uma vergonha diferente para cada um.

Um cãozinho, audacioso o danado, esperto também pôs-se a espiar e então lambeu e lambeu o buraquinho.

Um gatinho, caçador e brincalhão, deitou espiou balançou o rabinho e bateu e bateu com suas patinhas querendo arrancar algo de lá.

Um menino emburrado olhou e parecia não avistar nada, alimentava apenas a curiosidade debruçando-se sobre o buraquinho.

Uma menina bailarina ao olhar, iniciou sobressaltos sobre o buraquinho, resultado fantástico de seus ensaios.

Que diabos tinha ali?

Formigas e baratas nem de longe se atentavam ao buraquinho!

Senhor Alberto era quem mais olhava, programado, nem tão tarde nem tão cedo ele lá se avistava fuçando, espantado, rindo, acanhado, lamentando, saltando e até sussurrando.

Descobri!

Era senão um ponto, num silencio total que mesmo no centro daquela rua barulhenta chamava cada um que ali passava pra encontrar-se na atenção precisa para cada hora certa do dia.

Afinal a mulher de vestido preto dirigiu-se a igreja e confessou-se. O cãozinho teve pista do gatinho que fez amizade, danado de audacioso e esperto. A menina ganhou a confiança pra saltar em sua primeira apresentação. E o menino acalmou-se e contentou-se com o peão de madeira que ganhou do avô, Senhor Alberto, esse o que me fez compreender tudo aquilo que avistei da janela de meu mercado enquanto me acanhava pelas finanças poucas que agradeci me tomar atenção por menor agora.

MUTATIS
Enviado por MUTATIS em 16/08/2011
Reeditado em 16/08/2011
Código do texto: T3162794
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