"O FORASTEIRO"

O FORASTEIRO

Autor: José Gomes Paes

Em: 30/08/2011

Ele chegou no Barco que faz linha de Manaus, fazendo escala em Itacoatiara, Silves, Itapiranga, São Sebastião do Uatumã, Urucará, Parintins, indo até Santarém no Pará. Passa em algumas cidadezinhas do Pará até chegar a Santarém, esse percurso ele faz todas as semanas, dia de 5ª. Feira ele passa de baixada e depois sobe dia de 2ª. Feira.

Pois o Forasteiro chegou, moreno, seus 35 anos, bela estatura, sempre de óculos escuros ao rosto, se hospedou num hotelzinho da cidade.

Tudo indicava que não tinha parentes aqui, isso intrigava o seu Joaquim que morava bem próximo ao hotel e via aquele cidadão acordar, tomar café e sair andar pela cidade e só voltava à noite para dormir. Seu Joaquim tinha muitas interrogações na cabeça a respeito do forasteiro.

No boteco onde se reuniam para tomar uma pinga, a conversa era uma só, o forasteiro. Uns falavam que se tratava de um ex-presidiário que assaltou um banco em Manaus, levando uma quantia bem grande em dinheiro, foragido da justiça, outros que tinha pais ricos e estava cansado da cidade grande. Dona Jurema ao contrário achava-o muito simpático, bonito, que não era nada do que falavam, simplesmente estava de férias e viera passar uns dias aqui.

Na verdade já se passará três semanas, e o forasteiro continuava a intrigar as pessoas. Era um homem de pouca conversa, muito educado, pagava suas contas do hotel em dia, cumpria o seu ritual desde quando chegou.

Com o passar de alguns dias comprou uma moto do Zé Bode, passou a andar de moto na cidade, depois comprou um sitio na estrada do Seu Nonato, arrumou amizade com o Capivara que passou a lhe ajudar no sitio, junto com D. Jurema que era uma cozinheira de primeira.

E assim o forasteiro recebeu a alcunha de “PANTERA”, o pessoal não deixa barato, arranja logo apelido para quem chega isso fica a cargo do Zé Carneiro.

Foi comprando os terrenos de limites ao seu, adquiriu algumas cabeças de gado, carneiro, galinhas, porcos. Com o passar dos tempos, tornou-se um dos grandes fazendeiros da cidade. Depois comprou um pick-up e andava pela cidade desfilando.

A filha de D. Jurema, uma moça prendada, bem acabada, começou a se bandeirar para o lado do forasteiro, mas que ainda não tinha dado resultado. Ele era de poucas conversas.

Até o padre e o prefeito já estavam se incomodando com o estranho e solicitaram ao delegado que averiguasse, pedindo que fizesse uma diligência a casa do dito cujo, caso que foi logo descartado pelo Delegado, pois até o momento não havia nenhum motivo para tal.

E o forasteiro continuava a sua vida, aliás, o “PANTERA”, como o haviam taxado.

Os incomodados continuavam a querer saber quem era como também o seu nome. Nem mesmo ao Capivara e D. Jurema ele falou. Só pediu que o chamassem de Dondinho. Bem que D. Jurema tentou descobrir quando lavava suas roupas. Já o Capivara era fiel ao Dondinho, só dizia que não sabia de nada.

Certa noite o forasteiro desapareceu da cidade, deixou o Capivara tomando conta de sua fazenda. Ninguém soube explicar o motivo, nem como desapareceu. Nem mesmo o Capivara e D. Jurema que eram as pessoas bem próximas a ele.

Nunca mais o forasteiro pôs os pés na cidade. Todos sentiram saudades dele.

FIM

José Gomes Paes
Enviado por José Gomes Paes em 30/08/2011
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