UM INSTANTE NA VIDA DELA III

À pelo menos dois meses ela o amava. Para outras pessoas esse sentimento pudesse ser conhecido como atração, talvez, mas ela com a imaginação superlativa

dos que sofrem pela solidão interior, que os transforma em estrangeiros dentro de suas próprias casas, idealizava situações improváveis, formava em sua mente atormentada um conto de fadas irreal. E Roberta havia costurado em suas noites insones um cobertor de sentimentalidades que lhe aquecia o frio de seu corpo e tornava um pouco mais suportável sua vida. E se agarrava à essas emoções tal qual um naufrago agarra-se à um pedaço de tabua.

Jogada em sua cama de camiseta e calcinha simples-mente, via Mauricio,ele tinha que ter um nome, correto?, entrar em sua casa, cumprimentar seu velho pai,com um aperto de mão firme e sincero, beijar a face rosada e redonda da mãe donde herdara seus traços mais marcantes. E o jovem sentado no sofá discorria sobre assuntos mui interessantes, o que deixava o pai satisfeito, e a mãe orgulhosa do genro, e o papo seguia conforme a sua imaginação consegui-se estende-lo, ai nesse ponto , olhava o relógio, uma pequena pausa se fazia, e, como que num ato solene seu pai o acompanhava até o pé da escada, novamente lhe dava a mão afetuosamente :”Boa noite filho, não fiquem acordados até tarde, a mãe dela tem o sono muito leve...”, e da sala ouvia os passos suaves de Mauricio que parava rente à porta, dava uma leve batida(nesse momento ela mentalizava com todas suas forças para que fosse verdade ),e entrava, e sentava-se à beira da cama enquanto ela soerguia a cabeça, olhos fechados, lábios expostos, à beijar o vácuo...

continua...

sergio virginio
Enviado por sergio virginio em 19/12/2006
Código do texto: T322995
Copyright © 2006. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.