Tentações
Aquele era um ano muito difícil. A situação de Barreto estava mesmo complicada. Estava a dois anos formado em contabilidade, e também estava a dois anos sem trabalho. Se não fosse uns bicos que fazia para alguns amigos já estaria até passado fome.
Barreto tinha casado muito jovem. Quando tinha dezoito anos conheceu Ana, uma linda jovem. Os dois se apaixonaram, casaram, e foram muito felizes por algum tempo. Depois os pais de Barreto morreram, primeiro o velho, depois a velha, e Barreto teve que começar a se sustentar, pois os negócios da família estavam totalmente no vermelho, e a venda foi inevitável. Depois o dinheiro foi acabando aos poucos. A faculdade de Barreto e de Ana consumiram grande parte deste dinheiro, e ai as coisas começaram a se complicar um pouco mais.
Barreto arranjou o trabalho de estagiário em um grande escritório de contabilidade, e ao invés das coisas melhorarem elas começaram a cair por terra, pois naquele escritório conheceu a perdição, que atendia pelo nome de Marta.
Marta era uma loira, de pernas longas e bem torneadas e seios fartos que estavam sempre na eminência de saltarem para fora das blusas. Barreto pensou em resistir, mas as poucos ela foi enfeitiçando-o, e por incrível que pareça ele foi cedendo. Ela por hora apenas lhe dava condição, e depois passou a ser mais direta, e chegou ao ponto de chamá-lo para uma tórrida noite de amor.
- Vai dizer que você não está também afimmmmm?
Foi um afim com cinco emes no final, cantado pelo canto da boca. Barreto naquele momento, olhando para aqueles fartos peitos que lhe clamavam por um aperto, perdeu o sentido e a única coisa que fez foi um aceno positivo com a cabeça.
- Amanhã em meu apartamento, às oito da noite. Estou te esperandoooo amorrr.
Ela saiu rebolando para a sua mesa. Barreto ficou ali suando e pensando no que estava fazendo e se iria mesmo naquele lugar. Naquela noite fez amor com Ana como a muito tempo não fazia. Queria gastar suas energias com a esposa para que o desejo da tentação sumisse de sua cabeça, e aquele desejo louco e carnal que sentia por Marta fosse para o espaço.
No outro dia saiu de casa na certeza que estava limpo daqueles pensamentos maléficos, mas quando chegou ao escritório e viu aquele par de pernas e aquele par de peito cruzar por ele, aquela tentação louca e tórrida voltou com muito mais força em direção ao seu peito.
Naquele dia o trabalho não rendeu. Os números que lhes eram o seu grande triunfo pareciam correr em sua frente. Nunca usava calculadora, não importava a conta, resolvia automaticamente em fração de segundos. Horas olhava para Marta na mesa dela que quando via seus olhares em direção a suas pernas, erguia um pouco mais a saia, e cruzava e descruzava novamente provocando Barreto ainda mais.
As dezoito horas o expediente terminou. Barreto ainda cruzou com Marta na saída do prédio que ainda deu uma piscada em sua direção. Aquela piscada foi o tiro de misericórdia, sabia que não iria escapar, teria que ter pelo menos uma noite de amor com aquele par de pernas.
Não foi para casa. Andou até um orelhão e ligou para Ana:
- Amor deu uns problemas aqui no trabalho, terei de ficar até mais tarde.
- Até que horas?
- Até as onze da noite, mais ou menos.
- Tudo bem.
Estava tudo certo. Agora era só esperar as oito da noite chegar para se resfelar com aquela loira. Foi para o bar e pediu uma cerveja e ficou sentado pensando no que faria com aqueles lindos pares de pernas e peitos. Quando a hora começou a chegar, pegou o paletó que estava sobre a mesa e andou lentamente em direção a saída. Quando estava andando em direção ao apartamento de Marta sentiu algo diferente no peito. Ao mesmo tempo que este sopro se abatia ao seu peito, a sua mente só conseguia pensar em Ana. Deu-se conta da idiotice que estava fazendo. Não podia colocar tudo a perder com a mulher da sua vida, a mulher que ele queria ter filhos, a mulher que ele queria passar todos os dias, então desistiu daquela aventura.
Andou até em casa. Queria chegar e tomar a sua linda mulher em seus braços, queria amá-la, e senti-la como da primeira vez que esteve com aquela mulher a cinco anos atrás. Subiu de escada, andou lentamente até a porta, e então teve a brilhante ideia de entrar lentamente fazer uma surpresa para a sua esposa. Abriu a porta, entrou na sala e ouviu o barulho do chuveiro, ela estava tomando banho, era perfeito. Foi na ponta dos pés até o quarto, tirou a roupa e totalmente nu andou em direção ao banheiro, abriu a porta e então uma cena que ele jamais desejava ver, jamais imaginava ver, estava bem na sua frente. Ana estava com um sujeito, e de tal forma que ele nunca a tinha visto. A coisa estava tão boa que eles nem perceberam a sua chegada. Ele perdeu a cabeça e investiu contra o sujeito.
O resultado da briga ele somente viu três dias depois quando acordou na UTI com tantas fraturas no corpo que ele nunca conseguiu descobrir quantas eram e o casamento foi pro buraco.
Jonas Martins
Enviado por Jonas Martins em 28/09/2011
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