Priscila, o shopping e o urucacego

Priscila, o shopping e o urucacego

Quando eu conheci Priscila, eram inicio dos anos 80. Havia comprado uma casa e reformava para mudar para um conjunto residencial mais próximo ao centro, e que facilitasse a minha locomoção para o trabalho juntamente com esposa e dois filhos que tínhamos na época. Priscila a filha mais velha de um casal de vizinhos, era uma moça de 15 anos, corpo bem delineado, tez clara e usava óculos de grau. Professava a fé protestante herdada de sua mãe, filha de um pastor presbiteriano de cuja residência doou para a edificação do templo religioso, é que nesse tempo existiam ainda homens de fé e cujo interesse era divulgar o amor de Cristo por todos nós.

Mais Priscila era uma moça de rara beleza, uma voz suave e encantadora, sempre muito seria a sua única saída de casa era justamente para a Igreja em companhia da mãe e às vezes do pai, nunca se viu algum rapaz rondando a casa e também jamais conheci um namorado dela, se o tinha era bastante escondido.

Eu construí uma casa melhor, mudei daquele conjunto e não mais voltei a ver Priscila, passaram-se anos e, quando já fazia mais de 22 anos eu voltei a morar na mesma casa e tendo como vizinha a Priscila, hoje mulher com mais de 40 anos, e uma beleza realçada, como se a juventude insistisse em não abandoná-la. Passei a falar com a mesma e em seguida a cortejá-la, já que ela estava só sem compromisso e eu também. Um dia, fomos a um culto juntos e noutro nos encontramos na Praça do Viva próximo às nossas residências, somente conversas, sem nenhum contato físico embora eu estivesse sedento de beijar aqueles lábios e estreitá-las nos braços. Porém, vi que não prosperaria as minhas intenções não correspondidas e assim eu recuei. Passamos apenas a nos cumprimentar, bom dia, boa noite etc

Nesse período iniciaram a construção de um grande shopping próximo ao conjunto, fez uma poeira enorme com a movimentação de grandes camadas de terra e também a migração de muitos operários, engenheiros e outros profissionais do ramo de construção, alguns menos qualificados buscaram alojar-se perto da construção em Kit netes e quartos de aluguel para minimizar custos. Entre esses operários, veio um sei lá de onde, um homem aparentando uns 40 anos, alto, magro, cabeludo,ostentando tatuagens baratas e uma fala arrastada indicando que não teve estudo suficiente para e expressar um linguajar de boa qualidade, mais ele tinha algo de um conquistador e caiu nas graças de Priscila e logo começou um namoro, ora na praça, nos cantos escuros ou mesmo na garagem da casa dela, causando dessa forma um mal estar no irmão da moça que enciumado quando se referia ao rapaz tratava-o de vagabundo. Até hoje eu não sei o nome desse rapaz, mais tal era a feiúra do mesmo que resolvi chamá-lo de urucacego, que deveria ser uma mistura genética de urubu, macaco e morcego. Mais o namoro estava em alta, jamais cheguei a saber se o casal havia chegado às vias de fato, um orgasmo pelas vias normais do ato sexual, mais dedadas na xota da donzela não faltaram que seguiam-se de beijos na boca de tirar o fôlego, assim, a meninada e um amigo mecânico me confidenciavam.

Um dia, porém, a construção do shopping terminou, o urucacego despediu-se e partiu para sua cidade de origem deixando a Priscila mais uma vez sozinha e sonhando com um novo amor que não venha de longe porque pode partir a qualquer momento mais que esteja perto para realizar um sonho de uma vida feliz, um casal, um lar,uma vida a dois e embora ela não pense em mim dessa forma eu estou de olho nela.