Já não da mais, para olhar com esperança um céu de nuvens, no agreste elas não existem, elas não choram. Lembro-me com certa saudade do meu pai, senhor rude, autoritário, quando mandava eu buscar água no açude, cuspia no chão para me avisar que antes do cuspe secar eu haveria de chegar. Voltava sorrindo, pois de longe via ainda o cuspe sumindo, e meu pai dizendo, pode entrar. Minha mãe, tenho memórias dela grávida, mais de um bebe que nunca teve, fez bem, pois coitadinho morreria de sede. Mamãe deitava-me em seu colo, me fazia esquecer da sede, eu adormecia olhando a lua, o som dos grilos, eu amava tudo aquilo, so queria ter água para beber. Hoje velhinho, sem filhos, sozinho, olho para o céu com a mesma esperança de outrora, trocaria toda minha vida por um banho de chuva, trocaria tudo, talvez até a minha nobre fé em Deus.