O raciocínio de Hélio César Rosas 1928

Agradeço a meu amigo Marcos por ter me ajudado a vencer na vida, por ele me ter feito acreditar em mim mesmo e jamais duvidar do meu potencial.

Lembro-me que passávamos muitas horas de nossa adolescência aprimorando a nossa capacidade de raciocínio, através da resolução de cálculos matemáticos que acreditávamos ser a melhor forma de vencer as dificuldades do futuro tão próximo.

Desde criança trabalhei muito para ajudar minha mãe, exausto fisicamente, mas com a cabeça funcionando a toda. Cresci sempre me sobressaindo em relação a meus concorrentes, pela simples razão de que fisicamente me igualava a eles, minha disposição quase sempre superior e o meu raciocínio, sem falsa modéstia, incomparável.

Certo dia, ao ler um jornal vi publicado um anúncio requisitando interessados em concorrer a uma vaga em importante função em seus quadros. Aproximadamente 200 interessados compareceram ao concurso. Ao ser entrevistado, recebi, como os demais, um impresso com cinco problemas matemáticos. Enquanto preenchia as informações básicas, minha mente, já habituada na juventude a raciocinar com agilidade, entrou em ação e, neste ínterim, cheguei à seguinte conclusão.

Os cinco problemas, que eu já tinha lido no percurso entre a mesa do fiscal e a que me era destinada, eram de fácil solução para mim.

Mesmo gastando apenas quinze minutos, eu resolveria todos os cinco problemas, conferiria os resultados e ainda teria a segurança de acertá-los na totalidade.

Mas pelo nível de dificuldades das questões, dos 200 candidatos, também 15 minutos pelo menos 50, eu incluso, acertariam os cinco problemas, sendo que as minhas chances de ser o escolhido seriam assim de 1 em 50, ou seja, de 2%.

Entreguei o teste em 4 minutos, o fiscal chegou a me perguntar se eu havia desistido, no que respondi que não, que, para a mim aquilo era simples. Ele correu os olhos no teste e constatou que eu havia acertado tudo.

Fui chamado à sala da diretoria. Informaram-me que tinham gostado muito do meu teste, mas havia um senão... a minha pretensão salarial de 1500,00 era superior à política salarial da empresa, o salário era de apenas um terço do valor que propus. Porém poderiam chegar a 600. Depois de alguns minutos de conversações, acabou me propondo o seguinte: pagariam-me os 1500 desde que eu me comprometesse a manter sigilo absoluto do meu ordenado.

A princípio, e por princípio, pensei em recusar a proposta. Porém, vislumbrando rapidamente a possibilidade de, sem traição aos meus superiores e aos meus colegas, poder contribuir para uma mudança de mentalidade salarial na empresa, a minha resposta foi positiva. E realmente isso aconteceu.

Concluindo a história que dá margem a muitas interpretações, mas cujo maior mérito é mostrar como um simples e pequeno esforço de raciocínio, que temos de sobra, sempre aumenta as possibilidades de nossas conquistas.

Marcos Pestana
Enviado por Marcos Pestana em 01/06/2012
Reeditado em 01/06/2012
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