ÉDIPO

A paixão é mesmo um mistério fascinante da humanidade. O Ademar jamais pensou ficar daquele jeito, apaixonado. Sim, era paixão, era intenso, era vivido, era despreocupado. Amor não, o amor é diferente, é calmaria, é sentimento, é ternura, é brisa do mar... Já aquilo não tinha como ser amor, pois era fogo, tesão, era furacão incontrolável dentro de seus corpos.

Conheceram-se numa noite de desventuras pelos bordéis do litoral. Ela prostituta calejada pela vida, sem grande beleza é por certo, mas com um carisma que lhe encantou, apesar dos seus trinta e poucos anos... Ele um guri ainda, a pouco saído dos cueiros, jovem, empolgado, que adorava fazer festa com o José. Naquela noite, o Fusca naquela noite voltou com mais uma tripulante. Por uma semana os dois fizeram amor de todas as formas. Ela encantada com o carinho com que ele lhe tratava, com respeito, com admiração, de uma forma que nenhum outro homem lhe tratara por toda a vida. Ele sentia por ela um carinho tão especial, como um filho pela mãe, talvez fosse a distância que os quilômetros de asfalto separavam-se de sua mãe. Já ela retribuía em muito, e da mesma maneira devolvia-lhe o respeito e o carinho. Àquelas duas semanas tivemos de aturar a paixão de nosso amigo pela “mamãe”. Sim foi desta maneira que passou - lhe tratar.

Mas na vida nada é para sempre, a paixão é dividida por uma fina parede entre ela e o amor, e os sentimentos começavam a mudar, ganhar novos tons, ela sabia que era impossível, a idade, seu passado, sua vida, não! Ela não podia passar o fardo àquele menino, não era justo, também tinha medo, não sabia muito sobre os sentimentos dele, ou talvez por saber, é que em uma terça-feira com o céu carregado de nuvens negras a “mamãe” partiu. Ele chorou como uma criança perdida, sem referências. Naquele instante suas lágrimas confundiam-se com as águas que escorriam pela rua

Douglas Eralldo
Enviado por Douglas Eralldo em 05/02/2007
Código do texto: T370503
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