DISCRIMINAÇÃO

O negro entra na loja.

O homem engravatado, com um sorriso amarelo, pergunta:

- Pois não meu senhor?

- Eu gostaria de saber o preço daquele vídeo, daquela televisão, daque... - neste momento o freguês é interrompido pelo vendedor antes de enumerar sua lista. - Bem o preço...

- Entra outro freguês ; um senhor alto de olhos claros mais parecendo que saíra de uma lavanderia. O vendedor fala para o negro: - Bem espere um pouco que já volto. Dirige-se ao recém-chegado e com um sorriso nas orelhas o aborda: pois não meu amigo, não quer se sentar? aceita um cafezinho, fique à vontade!...

- Estou apenas dando uma olhada ... responde o segundo freguês.

– sinta-se em sua casa retruca o vendedor.

- Enquanto isso , o negro que esperava a uns quinze minutos, olha para engravatado ,que num relance, o vê e lembra-se que ele estava ali. Então grita: Tomé! Oh Tomé! Atende aquele moço ali.

O tal Tomé dirige-se ao moço e pergunta: - o senhor já escolheu alguma coisa?

-Bem, escolher eu já escolhi; gostaria de saber quanto tenho que pagar.

Aguarde um pouco. – solicitou o tal Tomé. Passado alguns minutos, retornou e disse meio vacilante: - Bem... os aparelhos, que o senhor, escolheu, ficam em cinco mil reais. Com prestações de – Um momento, interpela-o, o cliente, - eu vou pagar à vista. – E... que... o senhor me desculpe é que pensei que – não tem importância, dê-me o total á vista que está tudo certo. – Claro, só um minuto. – Não demorou trinta segundos e retornou o tal Tomé. – Bem o preço é três mil e quinhentos reais.

O negro tirou a carteira do bolso e começou a contar a cédulas de cem em cem, diante do olhar meio que perplexo do tal Tomé, que via sem crer...

- Após tudo acertado o negro solicitou: O senhor poderia me providenciar um táxi ?

- Nisso o engravatado se aproxima e presencia o final da conversa e bastante sem graça, com um sorriso ainda mais amarelo, pergunta: E então meu amigo, tudo certo?

- Sim, responde o negro, - só estou esperando o táxi...

- Passado algum tempo chega o táxi e nisso entra um rapaz humilde que se dirige ao negro. – Me desculpe chefe, atrasei porque o trânsito estava horrível. – não tem importância meu rapaz. Aí está seu presente de casamento e também o táxi para leva-lo.

- O rapaz abraça o patrão e se vai todo feliz. O engravatado se aproxima novamente do negro e pergunta: - O senhor me desculpe a curiosidade, mas o senhor trabalha com o que mesmo?

- Eu sou o dono dessa rede de lojas. E a propósito, meu amigo, quanto mesmo aquele senhor comprou?

- O engravatado, com toda a vergonha possível, naquela situação, murmurou: na...da não, ele só tava dando uma olhada...

POETADADOR
Enviado por POETADADOR em 11/02/2007
Reeditado em 31/07/2008
Código do texto: T377074