300 “A saga do Ki-suco”

Quando eu era adolescente, sempre me convidavam pra ir naqueles bailinhos que a gente fazia em casa lembra-se? Afastávamos os sofás da sala ou limpávamos a garagem pra conseguir o maior espaço possível, afinal, o som ia rolar. Com a gente era sempre aos sábados.

Mas um desses sábados foi diferente. Muito diferente. O Odair "maluco" convidou a turma pra ir dançar na casa dele, ou melhor, na chácara onde ele morava. O pessoal ficou entusiasmado, pois a gente nunca tinha curtido um som “rural”, tema que acabou transformando o fato em piadinha de adolescente. E assim foi.

Já no sábado, eu e mais três colegas de escola estávamos a caminho do baile, quando passamos em frente de um depósito de doces. O Valter era sem dúvida nenhuma o cara mais bagunceiro da turma, cismou em pular o portão do depósito pra “pegar emprestados” alguns doces que as vezes ficavam do lado de fora. E nem se passou pela nossa cabeça oca o porquê daqueles doces estarem do lado de fora, bons é que não deveriam estar.

Mas mesmo sem o juízo perfeito, Valter pega uma caixa qualquer muito rapidamente e joga por cima do portão, fugindo do cachorro. Nós pegamos a caixa e correremos muito até chegar a chácara do Odair. Já era noite quando lá chegamos. Na verdade, a casa do Odair era bem simples, o quintal era grande mas de terra batida, com um grande poço d’água bem no meio. Os pais do “anfitrião” tinham saído e iriam demorar; isso explicava como o local tinha sido reservado com tanta facilidade.

Aos poucos a turma foi chegando e com eles, já sabe né, cerveja, vodka e por ai vai. A certa altura da festa já tava todo mundo tontinho. - E a caixa Valter! Cadê a caixa de doces? Vamos distribuir pra moçada. Ao abrir a caixa, adivinha? Era uma caixa de Ki-suco de morango. Caramba! O que vamos fazer com 300 saquinhos de ki-suco.

Odair, o dono da casa e já tonto de tanta birita, teve uma brilhante idéia. – Espera ai pessoa que eu já volto. Odair entra na casa e pega dois sacos de cinco quilos de açúcar, e dizia. – Gente! Já que o refrigerante acabou, vamos tomar Ki-suco de balde. E então começamos a rasgar, saquinho por saquinho e jogar dentro do poço e em seguida, jogamos os dois sacos de açúcar. Quando a gente puxava corda do poço, o balde trazia aquela água rosa sabor de morango aguado, mas que importa, a “bagunça” era tanta que tudo era festa e diversão. E assim foi até o fim da noite e do baile.

Na segunda-feira, o pessoal esperava por Odair na escola para ver com que cara ele apareceria, mas pra nossa decepção ele não foi à aula. A gente até podia imaginar o porque.

Geraldo Faria
Enviado por Geraldo Faria em 08/08/2012
Reeditado em 27/08/2012
Código do texto: T3820742
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