FOLHAS OUTONAIS
 
        A vida nos reserva muitas surpresas. Um dia desses, procurando papéis numa eterna mudança de casa, encontrei uma velha pasta, já rasgada, rota pela passagem do anos. O seu conteúdo era muito maior do que a pobre pasta podia suportar, por isso estava naquele estado.
        Quando a peguei por pouco não cai tudo. Era um calhamaço de folhas muito grande, bem amareladas pelo tempo. Bem ao tempo em que ainda escrevia com a máquina de escrever OLIVETTI, comprada pelo meu pai.
        Qual não foi a minha surpresa, quando verifiquei o seu conteúdo,eram os primeiros contos escritos por mim, alguns de Izabel, minha irmã já falecida.
        Sentei-me e fique apreciando aqueles rabiscos, não muito diferentes dos de hoje e peguei-me mergulhada nas lembranças. Lembrei-me dela, da minha mãe, mas principalmente do meu pai. A nossa ligação é muito forte, porque não é porque estamos em diferentes andares ela vai ser menor ou desaparecer. Muito pelo contrário, agora encontra-se mais forte.
        Meu pai era um homem simples, de pouca escolaridade, mas o seu maior orgulho eram os seus filhos, estudiosos, trabalhadores, inteligentes. Ele tinha o seu modo rude de ser, mas ao seu jeito nos amava. E a máquina de escrever foi um exemplo disso.
        A máquina foi comprada para facilitar os trabalhos da escola e porque um curso de Datilografia era um importante complemento para a educação naquela época. Comparada ao computador de hoje, só que muito menos recursos. E a máquina foi um show.Com ela aprendemos o básico e depois fomos aperfeiçoando nos cursinhos.
        O mais interessante foi o fato de eu ter me interessado por essa pasta justamente essa semana, depois de estar meses repousando sobre o sofá.
        E assim fiquei me lembrando, com lágrimas nos olhos dos pequenos milagres que a vida nos oferece, propiciados pelas mãos de Deus.
        O meu pai sabia a importância da educação, pois sabia que sem ela seria impossível galgarmos um degrau na vida.
        Por isso hoje, peço aos pais, mães, tias, tios e todos os parentes e amigos de plantão que puderem investir na educação dos seus filhos, ou mesmo conhecidos que façam isso, em nome do um mundo melhor.
        As folhas de papel são como folhas outonais, amarelam com o tempo, mas o conteúdo não. Agora temos o computador,que armazena tudo num minúsculo cartão. Mas para ter acesso a ele é preciso leitura, escrita e educação de qualidade.
        Investir na educação do homem não é necessariamente um investimento financeiro. É lógico que estaria sendo hipócrita se dissesse que o dinheiro é dispensável, mas ela não é o único meio de alcançar uma boa educação. As bibliotecas são gratuitas, as lan houses funcionam a preço de banana e sempre há uma pessoa que pode lhe prestar um favor.
        Então, ler, escrever e aprender para a cidadania custa realmente muito pouco para uma pessoa. Uma boa dose de coragem e boa vontade também faz parte do conjunto.
        Seja um pai para alguém e  ensine o caminho das pedras, o resto, a pessoa e o destino encarregam-se dos acontecimentos .
 
    Estrela Radiante
"Imagem do Google"
 
Regina Madeira
Enviado por Regina Madeira em 10/08/2012
Reeditado em 10/08/2012
Código do texto: T3822917
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