Somos quem podemos ser?

Era uma manhã de inverno,o frio queimava o rosto,o sopro quente nas mãos não adiantava nada,e olhando ao redor tudo estava como sempre,parecia intocado não fosse algumas marcas que o tempo fizera nas paredes da velha casa e nos troncos das árvores.Depois de muitos anos ele estava parado em frente a casa que nascera,empurrou com força o velho portão de madeira de lei,pesado e imponente,entrou como se contasse os passos,e as lembranças vieram aos montes.Foi ali que passou muitos e bons momentos de sua vida,entrou acariciando as paredes com as pontas dos dedos,fazia isto sempre quando chegava da escola,e ainda pode ouvir a mãe dizendo:

_Não corre menino,e vai lavar a mão pra almoçar.

Neste instante as lágrimas rolaram pela face,e viu a mesa posta,seu pai,sua mãe e os dois irmãos sentados,comendo,unidos,ouviu o riso dele e dos irmãos se cutucando,e o olhar de reprovação do pai,o relógio da parede badalava as doze horas...o pai deu um beijo suave nos cabelos da mãe abençoo os filhos e voltou para o trabalho...,os meninos ajudaram com a louça e foram fazer o dever.Virou-se e viu a fumaça saindo do fogão á lenha,o teto pintado pela picumã,e o cheiro gostoso do mingau de milho verde tomando a casa toda.

Cada canto,cada buraco na parede que olhasse tinha uma história,e só agora sozinho,depois de trinta anos,se arrependia de não ter tido tempo,de ter ido embora,de ter trocado tudo aquilo que tinha por uma vida agitada na cidade grande,não voltou pra receber a benção do pai,nem a amizade dos irmãos,tão pouco o carinho da mãe[esse não teria nunca mais].Quem era ele?Se perguntava.

Um homem da cidade grande.

Regina Sorriso
Enviado por Regina Sorriso em 28/09/2012
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