Fuga do prático
Conivência. O problema dessa Terra que a gente costuma chamar de "nossa" é o peso do não-olhar. O que nós precisamos entender que virar as costas para alguma coisa não elimina o problema, apenas cerca a questão de espelhos que refletem a nossa indiferença.
Eu não falo de estupidez, burrice ou má fé. Eu estou falando de ver e não enxergar. Olhar por entre lados de um mesmo prisma e não conseguir discernir as cores. O mundo não é monocromático. E o mais importante: O mundo é ambivalente.
Tudo é resultado de uma contraposição nervosa contínua, uma antítese que sempre resulta em conflito ou, no pior, na omissão. É mais cômodo tratar aquilo que me é externo por invisível. Só que, como eu já disse, invisível não é inexistente.
É pedir demais rogar pela honestidade? Não é errado acreditar na verdade, mesmo quando a mentira imperar. Sabe porquê? Verdades são imutáveis. Elas existem e são sensíveis aos olhos, ao corpo. Mentiras são práticas e mutantes, adaptáveis a qualquer situação. Eu faço um manifesto. Um manifesto pela fuga do prático.
Sou jovem. Jovens são naturalmente românticos. Tudo é novo, pulsante. Efervescência é uma dádiva. Faz com que nada se torne obsoleto, tudo é renovado e sempre existe ânimo. Ânimo e fôlego, dois fatores que contribuem pra que toda a nossa realidade seja sempre um presente, não um fardo. Acreditar não é difícil. Complicado é abrir mão.