A moça, o gato, a brisa e o eco.

Chegou em casa apressada, tomou um banho criterioso, lavou a cabeça com shampoo estrangeiro, disseram que aumenta o volume, passou creme em todo o corpo, maquiou-se com desvelo ímpar, vestiu um vestido florido de gaze,ajeitou os cabelos; colocou velas na mesa de jantar, abriu as janelas, a brisa da noite a cumprimentou solícita, então ele vem hoje hein, fez que sim, o coração fazia pilates com destreza, o esparadrapo no calcanhar machuca ,será que tiro essas sandálias, tão altas, o gato a olha com ar filosófico e impaciente, não fique tão tensa, afinal é só um encontro; o telefone toca, não vem ,hein, muito trabalho, qualquer dia, sim, qualquer dia, olha aturdida para a sala, a brisa senta-se ao seu lado, passa os dedos frios por seus cabelos, não chore, não chore,o gato assiste a tudo com indiferença, você foi com sede ao pote minha amiga, exagerou na dose-agora fica aí se lamentando,sai gingando pelo corredor. Ela adormece no sofá, esperando alguma notícia , algo melhor,algo feliz, algo que não espete seu coração, que, por pura birra, teima em esperar, esperar, esperar... a brisa se vai compungida, logo, logo, te trarei boas notícias, logo,logo, logo, logo.....

o eco repete pela janela. Ela ainda aguarda.

Vosmecê
Enviado por Vosmecê em 09/10/2012
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