MISSÃO?!

Cidade grande, sabe como é, né? Tem uns "trem bão". Naquela cidade mineira tem terminais integrados de ônibus urbanos.

Nino, nem precisava naquele dia de usar ônibus para chegar ao seu destino, mas entrou no Terminal Central e desceu para uma plataforma de embarque e desembarque qualquer e lá ficou aguardando.

Chegou um "amarelão" e todos os que ali aguardavam embarcaram, menos Nino. Vai saber porque?

A última pessoa a embarcar foi uma senhorinha de bastante idade, branquinha, miúda, magrinha e com um lencinho na cabeça. Não se sentou. Assim que o veículo arrancou, ainda com as portas abertas, a senhorinha resolveu descer com o carro em movimento. Caiu nos braços de Nino, única pessoa que estava ali parado naquela hora. Nino segurou-a ainda no ar pelos finos bracinhos e a desceu suavemente para o chão:

-Obrigada! Deus te abençoe, meu filho! Saiu bendizendo.

Nino, com os olhos embaçados pelas lágrimas, olhou para cima a fim de ver a placa indicativa do destino daquela linha: CANAÃ.

Não tinha ele nenhuma razão para estar ali, já que seu destino divergia totalmente do indicado na placa. Teria sido enviado ali para amparar aquela frágil mulher?

Quem sabe? Subiu a escada que dá acesso à saída do terminal e foi embora à pé. Tinha, talvez, cumprido sua missão. Agradeceu a Deus pela oportunidade de estar no lugar certo, na hora certa...

AGOSTINHO PAGANINI
Enviado por AGOSTINHO PAGANINI em 29/10/2012
Reeditado em 10/09/2019
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