Recordações
Caminhando, cabisbaixa pela calçada, Marisa chorava. Não compreendia como tudo mudara em tão pouco tempo. Havia deixado sua cidade Riovana já fazia 10 anos e agora retornara, mas talvez fosse melhor jamais ter voltado. As calçadas estavam com pedrinhas coloridas, as árvores não mais existiam e nem mesmo a catedral parecia a mesma.
Pobre Marisa, ainda não percebera que ela, também, não era a mesma. Algumas rugas já apareciam no rosto alvo. Suas mãos, antes delgadas e sempre finas, hoje, trazem marcas do tempo que ela tentava recuperar voltando a sua cidade.
Ainda caminhando suspirou:
-Ai...Ai...quanta saudade.
Marisa nem reparava que estava chovendo. Os pingos da chuva ensopavam seus trajes simples e ela continuava caminhando. Os trovões fortes pareciam hinos, pois as lágrimas de Marisa se misturavam com seus gemidos e os ruídos soavam estranhos.
De repente um relâmpago cortou o céu atingindo Marisa em cheio. No meio da chuva ela sentiu que sua vida deixava de ser vida e suas recordações seriam agora só recordações.