Paz na tempestade

Recebi uma ligação. Eram dez horas da manhã. Atendo o telefone como sempre atendo, mas quem estava do outro lado da linha era a voz da condenação, a voz que prenuncia a desgraça. Eu disse alô, mas meu coração parecia pressentir a noticia que me seria dada. A moça, logo que se identificou como enfermeira, fez meu corpo inteiro estremecer. Aos poucos, ela foi me dizendo o que ocorrera... e que minha querida mãe encontrava-se no Pronto Socorro municipal.

Me deu vertigem, cegueira, loucura, tudo ao mesmo tempo. Mas eu não podia perder a calma, éramos apenas eu, meus três irmãos, e ela. Tratei de procurar por eles, os quais, com exceção de um apenas, desprezaram a minha ligação. Fábio, meu irmão mais novo, reagiu da mesma forma que eu, quando lhe disse o que estava acontecendo, e se propôs a ir para o hospital junto comigo.

Chegando lá, mamãe estava toda entubada. Seus olhos fechados, a face escoriada, as mãos feridas, a perna esquerda quebrada. O médico disse que o acidente foi feio, eu pedi para ele me dizer se sabia como tinha sido. No que ele disse o seguinte:

Uma estrada, duas mãos,

A ultrapassagem de um caminhão.

O susto, o desvio,

Então a capotagem no vazio.

Na frente se chocaram,

Barranco abaixo eles rolaram.

Houve muita fumaça,

Poucos presenciaram a desgraça.

Sua mãe aqui está,

E logo com vocês irá falar.

Mas o cara errado,

Este está com os olhos cerrados.

Vossa mãe, Deus abençoou,

Quando chegou aqui, logo ela orou.

Agora, sedada,

Não lhes poderá contar nada.

É o que sei, vou para o plantão,

Se precisar de mim, apertem o botão.

Eu e Fábio nos entreolhamos, depois tiramos de nossas costas o peso da aflição. Tentamos falar com os o Pereira e com o Marcelo, mas as tentativas foram em vão. Desde que saíram de casa, já não se importavam com nada do que acontecia. Em comum acordo, e em silencio, caminhamos até a maca onde mamãe estava deitada e oramos baixinho.

Devagar, ela abriu os olhos e mostrou seus dentes. Com uma voz fraca e quase inaudível, disse Amém e nos abençoou. Seus sinais vitais estavam controlados, o nosso coração também foi voltando à sua pulsação normal. Sabíamos que tudo iria ficar bem, pois ela nos passou esta mensagem através da pequena fresta onde seus olhos conseguiram aparecer.

Ficamos no hospital por uma semana, e ela saiu andando. Voltamos para casa, cantando e louvando a Deus, pois podemos passar por provas, mas nunca sermos derrotados. O inimigo pode bater de frente conosco, mas nos levantaremos, nos poremos de pé, e daremos honra e louvor Àquele que primeiro nos amou, Jesus Cristo.

C.POETA 31/01/13

Anita Ferraz
Enviado por Anita Ferraz em 31/01/2013
Código do texto: T4115561
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