O SEGREDO DE MICHELE

Era um belo início de noite, depois de um belo dia de sol. Michele como de costume sentou-se na mesa do bar. Era um bar pequeno, mas muito movimentado, ficava perto da Casa de Carnes. Quase todos os dias ela estava por ali. Um metro e oitenta grandes cabelos loiros e escorridos. Era magérrima, de um biótipo inconfundível, na praia inclusive era famosa, porém aos veranistas era mais um ser anônimo, mais uma “marisqueira” sentada à mesa do bar do Paulinho. Um ser inocente em busca do amor, de alguém que tocasse seu coração, que lhe entendesse, que gostasse dela como ela era, sem preconceitos, sem tabus, alguém sincero, esperava por um homem difícil de encontrar.

Ela não ficou solitária por muito tempo, logo surgiu um companheiro. Era um policial que recém havia largado seu posto de trabalho. No verão eles lotam a praia, tem a operação golfinho, que salva vidas, e é uma alegria no bolso dos policiais, que se engalfinham para trabalhar na praia. Era um brutamontes, como deste dos filmes de ação. Um metro e noventa de altura, cara de brabo, peitoral sarado, músculos definidos e um olhar de malandragem. Era altivo, algo inerente aos que andam de uniforme. Michele sentiu arrepios quando ele perguntou se poderia sentar-se junto a ela. – Nossa que homem! Exclamou a jovem em um suave pensamento.

Ainda era principiar do verão, finzinho de dezembro. Porém as ruas contavam com grande movimento, inclusive dos nativos. Estes lançavam olhares curiosos à mesa de Michele e seu novo companheiro. Vez por outra o policial estranhava a atenção de tantos olhares em sua direção. Percebia que no balcão chegavam muitos e cochichavam com o dono do bar, este fazia uma feição de riso, mas logo se continha. Quando ele perguntava se ela estava percebendo, a moça desconversava perguntando sobre seu ofício, e sobre seus gostos.

Os dois pareciam que iam se entender, Michele perguntava-se como ele reagiria ao seu segredo, porém imagina que talvez ele até já o soubesse, afinal ficaram por horas tomando cerveja, e comendo porções de salgadinhos. Michele era muito transparente, portanto tinha razões para crer que seu segredo não fosse mais segredo ao homem que lhe fazia companhia. Homem este que Michele já admitia fazer juras de amor, de viver com ele por sua vida.

E aproximadamente, às dez horas os dois se renderam aos encantos, depois de tanta conversa, e gosto disto, e daquilo, se entregarem ao romântico beijo, duas bocas ansiosas saciando a sede pelo prazer. – Meu Deus, há quanto tempo não beijo um gato como este! Pensava Michele deixando sua língua ser envolvida pela de seu companheiro. Neste momento a platéia era grande, uns estavam chocados, outros se continham para não rir, os mais antigos se perguntavam que mundo é este. Mas os amantes estavam alheios a platéia, a entrega era total, e o beijo aquecia suas entranhas. Os dois ardiam do fogo da paixão.

Porém a vida nos traz surpresas, e ao policial as surpresas foram enormes. Em seu íntimo ele sentia ser um beijo diferente, que jamais provará igual, entregue a paixão não percebia sequer ao aumento das rodas de conversas e olhares em sua direção. Estava totalmente entregue a Michele, queria conhecer seu corpo suas curvas, e ele era fogoso, só o beijo não mais lhe bastava, queria mais, e por baixo da mesinha que ostentava os copos de cerveja deslizou suas mãos pelo corpo de sua amante, foi subindo pelas pernas, chegou até as coxas e fatalmente foi se aninhando pelo meio de suas pernas. Michele Corou, ficou rubra, não mais que ele que engoliu seco ao perceber uma estranha saliência, imóvel, não sabia a atitude que tomar, apenas a certeza de o destino ter lhe pregado uma peça.

Douglas Eralldo
Enviado por Douglas Eralldo em 15/03/2007
Código do texto: T413538
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