Quem sabe de mim sou eu


                              Abre as asas sobre mim
                                  Oh Senhora liberdade...
                                                            Nei Lopes


     Desde a adolescência animava com seu violão, sua voz meio rouca, seu bom repertório de MPB, samba e pop rock nacional qualquer festa para que fosse convidado ou levado pelos amigos.
     Orgulhava-se de ser o “arroz de festa” mais querido da cidade. Namorador e de bem com a vida conheceu sua cara metade numa dessas festas. Casaram, tiveram filhos, adotaram bicho e a vida transcorria leve como uma brisa no fim da tarde.
     Mas eis que a cara metade passou a se incomodar com sua popularidade: não tinham sossego com tantos convites para festas!Passou a implicar com a “mania” de cantar e tocar dele e tanto reclamou e tanto fez que ele abandonou o “ofício” de boêmio.
     Hoje, quando lhe perguntam pelo violão responde que desaprendeu, que esqueceu, que não sente falta daquele passado já morto e enterrado na sua memória, que o descanso em suas tardes de sábado e domingo é tudo que ele quer.
     Hoje tem apenas que administrar na sua vida o desconforto de uma gastrite, uma dor de cabeça constante e uma falta de ar que ele não sabe de onde veio.

*imagem do google