À sombra da Pietà

À sombra da Pietà

Voltamos em um carro para o Rio de Janeiro...

Lembro-me de olhar pela janela do carro me despedindo, daquela cidade, Uberaba-MG., que deu-me tantas alegrias em meus primeiros anos de vida e minhas primeiras aulas de natação e piano. Com minha "tia! Clotilde.

Que desastre fui no primeiro concerto à duas mãos....Na formatura, acho que fiquei traumatizado...tentei e nunca mais aprendi a tocar bem piano.

Fomos morar no apartamento de minha tia Eglê, RJ. Uma tarde, sentei-me na portaria, esperando minha mãe, e resolvi dar um volta no quarteirão. PENSEI: Se eu der a volta, volto para o mesmo lugar...mas não sei o que aconteceu...perdi-me no quarteirão em Copacabana. Encontrei-me horas depois.

INTERNATO:

Minha mãe tinha que colocar aqueles dois pirralhos, (Eu e meu irmão), longe dela, para poder sobreviver e nos sustentar...Fomos para um colégio-internato, "Colégio Parisiense, (Escola de Francesas)!...Não mais existe, devido a construção do túnel Rebouças....em Laranjeiras, precisou ser demolido. Lembro-me nitidamente quando minha mãe deixou-nos lá. Esperneei, gritei...no colo de "Madame". A dona da escola, que tinha uma filha D. Milú.

Falar em pais divorciados, na época, era heresia. Alguém, escutou minha conversa com Tereza, (sobre nossos pais divorciados)!... e contou para Madame. Existia na escola, um porão, onde eram castigadas as crianças, que cometiam delitos. Eu, menino encantado por Tereza, (nunca mais esqueci, daquela menina, loirinha, linda e imensos olhos azuis!...Fomos levados para o porão...Sabíamos que o porão, era morada de ratos, baratas e outros bichos e insetos que apavoram crianças.

Fomos trancados lá por castigo. Tereza gritava e chorava de medo e pavor. Coloquei-a em meu colo, era um choro tão sofrido que ainda doí-me a alma de lembrar. Ela soluçava enquanto eu acariciava seus cabelos. Através da única janela, entrava fresta de luz. Em meu colo, não sei de desmaiou ou adormeceu...por algum tempo ficou imóvel, com a fresta de luz que iluminava o escuro ambiente, se fosse feito uma foto, lembraria a Pietà, de Michelangelo.

A escola (internato) tinha uma grande mesa onde fazíamos as refeições e eu tinha um problema de rir (um Ki que Ki)!...Inexplicável. Fiquei atrás da porta de castigo, dezenas de vezes, mas nunca mais fui para o porão...

Eu e meu irmão, dormíamos na mesma cama. Eu com a cabeça na parte da cabeceira, ele ao contrário. Meu irmão Ray fazia xixi todas as noites na cama, pela manhã, trocava o lençol de lugar e quem levava os puxões de orelha era eu...(Que Deus o tenha em paz, o Ray é morto)!...

Fatos curiosos? Vários...Mas tem um que nunca me esquecerei: Um menino vomitou e fez cocô na pia do banheiro. Madame e Dona Milú, colocou todos os alunos em fila, e ela foi cheirando a bunda de cada um dos alunos...para descobrir o delinquente...Acharam...o coitado!...Castigo? Além da limpeza, porão!...Eu o vi vários anos depois passeando pelas ruas de Copacabana. Mas, nunca trocamos palavra sobre o assunto...Uma menina chamada Dalila. Ela me de deu o desprazer de dizer que nunca estudou naquela escola...vai entender?

Eram os anos sessenta...Minha irmã estava prestes a casar. Minha mãe foi buscar-me e ao meu irmão Ray, para o casamento..Fez o vestido de noiva, mas esqueceu-se do bouquet. Precisamos voltar para pegá-lo. O casamento foi em Aparecida do Norte, (promessa). Meu pai apareceu...(afastado de nós por longo tempo)! entre as pilastras da Igreja e foi um choro só. Minha irmã casada, fui morar com seu marido em Caçapava...Eu, incluído no pacote...Dias lindos e floridos...Ouvindo o sucesso de Cely Campelo, tomo um banho de lua...

Tony Bahi@.

Tony Bahia
Enviado por Tony Bahia em 16/03/2013
Reeditado em 17/03/2013
Código do texto: T4192312
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