Roda de samba

Em um butiquim, nos recantos da cidade surge uma roda. Pessoas felizes, alegres sorrisos daqueles que cantam com a alma.

Entre gingados e balanços surge a figura do malandro, mas não pensem na figura do rapaz marginalizado e oportunista, lembrem-se do trabalhador, daquele que com seu jeito brincalhão e de sorriso fácil contorna as dificuldades da vida sem nunca se deixar abalar, aquele que através dos seus versos fala sobre seus amores, suas bençãos e a realidade de seu povo.

Acompanhado de palmas e batucadas inspira-se na realidade antes esquecida de um povo sofrido, que divide o pão de cada dia enquanto vê seus governantes esbanjando riquezas.

Entre amigos ele está, não aqueles que estamos acostumados, aqueles que te venderiam por qualquer coisa que lhes interessasse, pois ele nada mais tem a oferecer além da sua honestidade e da sua poesia.

Pois quem faz samba cria o remédio para alma dos sofredores, revigora o coração daqueles que um dia perderam um grande amor e reconforta os que prantearam por alguém que já partiu e consciente da sua missão ele continua com o canto.

Uma certa vez uma senhora lhe disse que quando alguém canta ele está rezando duas vezes, que quando a música ecoa no universo Deus sorri, então carrengando estas sábias palavras ele tomou o samba como religião, afinal de contas existe outra maneira de se conectar com o divino? E se há, para ele realmente não importa.

Pois como tudo na vida em um momento qualquer os vizinhos reclamam ou a voz some e a conexão divina se desfaz, depois que todos vão embora, depois que as mesas são limpas e as luzes se apagam, ele se vai. Carregando o fardo de uma vida nos ombros de um jovem rapaz, porém sempre com um sorriso no rosto pois o samba o acompanha por onde ele vai.

VIVA O SAMBA

Não se esqueça de sonhar...

Marcelo Rebelo