Menina sonhadora

A vida nem sempre é como queremos. Tenho pensado muito nestes dias, refletido em muitos fatos que me aconteceram. Estou parada, mais uma vez... bem acho que é a vida que me parou. Estou com mais uma cicatriz em meu corpo, e quantas já foram, quantas passagens em hospitais, e ai começar tudo de novo.
Mas falando em pensamentos... o que eu tenho feito da vida? Esta pergunta tem mexido comigo, quando criança, sonhava, vivia de ilusões.

Sou a terceira filha de uma família de nove, vida simples, sem luxos, só com o essencial. Boas recordações, cresci afastada de tudo, e de repente sou mulher madura.
E o que fiz, quais os meus sonhos, ainda tenho-os?
Difícil dizer, pois meus pensamentos andam perdidos. Preciso urgente colocar tudo em ordem. Sento em minha cama, e cenas antigas pairam no ar.

Volto aos meus quinze anos, onde um dia mudei meu destino, se foi para meu bem... não sei... Hospital das Clinicas, consulta com ortopedista, minha mãe não pode me acompanhar sigo com uma prima mais velha... o Médico olha meus raio X olha pra mim e diz: olhe Osteomilite não tem cura, vc vai ter que aprender a viver com isso.
Saio do consultório sem nada a dizer, e chegando em casa digo a minha mãe que não preciso mais voltar, pois estou curada, e nunca mais voltei.

Esta menina assustada com a vida, ou cansada... parte para outra etapa, não sei se vivi, ou simplesmente sobrevivi, pois a vida passou. Tantas coisas acontecendo e ela continuou a olhar o mundo de uma janela, olhar perdido nos sonhos.

Sempre pensei muito, criando um mundo a parte, no meio de tanta gente... e ao mesmo tempo tão só. Fazia dos meus devaneios o desafio de viver, criando personagens e dando vida a eles, e quando caia na real, não gostava do que via.

Fiz meu estudos em etapas, o fundamental, foi o mais complicado, pois eram muito as internações, e muita ajuda de outros para conseguir fechar o ano. Mas sempre seguia em frente, ao chegar no ensino médio ( antigo ginasial) foi mais fácil, pois a saúde me deu uma trégua, e consegui fechar mais esta etapa, sem emoções, apenas vivendo o dia a dia. Sem amigos, como sempre, fechada no meu mundo.

Lembranças fortes... e que hoje analiso com uma solidão intensa, talvez por timidez, talvez por insegurança, que custou muito para eu soltar, mas... a vida ensina e nos transforma, e eu acabei entrando no ritmo. Lembro que uma vez no ônibus a caminho do colégio encontrei uma menina que tinha estudado comigo e me vendo perguntou o que eu estava fazendo, disse que era meu ultimo ano no colégio e eu ia ser escritora, pois tentava sempre passar para o papel meus devaneios, e ela de um sorriso e me olhou como dizendo: você? Nossa... será que ninguém acreditava em mim, rsrsrsrsrsrs

Bem o que importa é que cresci, e segui em frente, escritora não sou, talvez aprendiz,
Mas tento e a cada recordação algumas linhas sai, e quem sabe um dia eu possa dizer, nossa foi aquela menina, tímida, solitária, sonhadora que escreveu isso? Sim ela mesma
Foi sonhando e acreditando que ela chegou aqui...
Vânia Silva
Enviado por Vânia Silva em 14/05/2013
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