O mistério de um olhar

Quando a vi pela primeira vez, estava no metrô. Logo no primeiro instante, notei-a. Uma dama de fino porte, charmosa e delicada. Mas o que realmente chamou minha atenção foi seu par de olhos. Foi como se meu mundo ficasse repleto de luz; luz essa refletida por aqueles lindos olhos verdes como duas esmeraldas, os quais jamais vira iguais.

Fitei-a tão fixamente que a moça virou o rosto para tentar disfarçar seu constrangimento. Seus olhos eram inquietos, giravam sem direção...Não sabiam em que focarem. Ela estava tão sem chão quanto eu, talvez não pelo mesmo motivo...Nesse momento, eu apenas refletia sobre o poder que tem um simples olhar.

Um olhar triste amolece qualquer coração; o raivoso nos faz tremer... até querer entrar no chão (o do meu falecido avô que o diga); um olhar sereno acalenta a mais dura alma; o fixo nos intriga. Porém, o que tinha de especial no olhar daquela bela dama que tanto me prendeu? Eu não sabia. Enfeiticei-me cada vez mais,observando cada gesto e movimento ocular dela. Era como se eu fosse seu fantoche, mero brinquedo que a acompanhava onde quer que fosse...Não, eu não queria falar com ela. Desejava apenas admirá-la, isso bastava. Nossos olhares conversavam em silêncio, pareciam entender-se.

Ah... a linguagem do olhar...Mais complexa que qualquer gramática, mais impossível de se compreender que o sentido da vida, mais incrível que qualquer milagre. É misterioso o mundo dos olhares... Quem pode o desvendar? Somente quem consegue ver além do olhar.

Na estação seguinte, aquela mulher desceu, sem deixar pistas. Foi a primeira e única vez que a vi, e sem dúvidas o melhor dia da minha vida, pois ali começava a minha eterna jornada em busca do olhar perfeito...

Natalí Sorrentino
Enviado por Natalí Sorrentino em 09/07/2013
Reeditado em 29/06/2015
Código do texto: T4379819
Classificação de conteúdo: seguro