TIRANDO A CUECA FICA MELHOR

TIRANDO A CUECA FICA MELHOR.

Sou absolutamente contra o consumismo, mas, neste fim de semana passado fui ao shopping comprar umas cuecas, e escolhi um kit com três de cores escuras do tamanho “M” sem aqueles elásticos grossos na cintura, aquilo me incomoda um pouco. Acho que cueca é realmente um bem durável: Tanto por durar bastante, como por comportar com firmeza a dureza daquilo que se propõe a acomodar. Esta peça do vestuário intimo masculino, tem uma finalidade imensurável, imagine você o quanto é áspero uma calça jeans para ficar em contato direto com os documentos do “macho”, e ainda pior é prender o “excesso” de pele do anjinho barroco no zíper. Lá está ela amaciando o atrito e evitando uma circuncisão involuntária. O tom de sensualidade impressa nesta singela roupa é fundamental para uma bem sucedida noite de amor, imagino que uma mulher, ou não (no caso dos gays) ao olhar um homem apenas de cueca muito bem preenchida, digo, preenchida na qualidade e no desempenho, não necessariamente no volume que, aliás, não podemos escolher, fique completamente excitada(o). Hoje se tem investido bastante na tecnologia desse acessório. Temos de vários tipos, modelos e materiais: Cueca boxer, parece uma bermuda mais coladinha; cueca slim, mais fininhas, quase não tem laterais; cuecas slip, tem um corte menos cavado que as slim; samba canção, muito confortáveis e folgadinhas; sunga, tem um tamanho intermediário entre a slip e a boxer; temos também as ceroulas, muito comum pra quem deseja aquecer bem aquelas partes; antigamente existiam copinhos de cueca; de qualidade duvidosa, vinham com três unidades multicoloridas (parecia àquelas redinhas de frutas e verduras da feira) porem bastante elásticas; tem também o cuecão de couro (só pra não deixar de citar) e outras que não me recordo no momento. Voltando. Comprei as cuecas e fui saindo da loja quando a vendedora muito bonita e gostosa se despedia de mim. Comprar cuecas naturalmente já é uma coisa que me deixa um pouco excitado, e com aquela atendente colocando a mão onde fica o principal volume, me ocorreu quase uma fantasia sexual para compor com as peças intima, fui procurar outros acessórios: comprei uns óculos, que imita o caçador da marca Ray Ban, pois me deixaria com um ar mais másculo ainda usando apenas cueca e óculos; comprei um roupão oriental, para criar um clima de suspense e mistério; comprei também um perfume amadeirado cítrico para dar um tom mais selvagem; comprei velas aromáticas e sais de banho para suavizar o ambiente e a pele, e por fim três quentinhas no chinês com shop suey de frango, rolinhos primavera e camarões empanados e um belo vinho. Dei uma cartãozada de mais ou menos R$ 450,00 conto, nada mal pra quem falou que odeia consumismo em! Só percebi depois que as cuecas me fizeram mudar até o que tenho de mais convicto na minha cabeça, afinal tinha saído pra comprar uma cueca e voltei com várias sacolas. E o pior ainda estava por vir, ao chegar em casa caiu à ficha que não sou casado, não tenho namorada, não estou xavecando ninguém, nem tão pouco tenho grana pra sair e azarar alguém esta noite. Então tomei um belo banho com os sais, vesti a cueca e o roupão, coloquei o perfume e os óculos, acendi as velas, jantei tomando o vinho e vim escrever esta estória, e ainda acordei pela manhã sem cueca (é meu hábito dormir nu), o roupão no chão cheio de pingos de vela, com uma puta ressaca do vinho que consumi sozinho, com uma dívida no cartão, e de tão puto que fiquei, acabei quebrando os óculos. Moral da estória ”tirando a cueca fica melhor, em todos os sentidos”.

M. C. MEIRA 16/08/2013

MAERSON MEIRA
Enviado por MAERSON MEIRA em 16/08/2013
Reeditado em 17/08/2013
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