POR QUE NÃO FAZERMOS COMO A OSTRA FERIDA?

O ser humano, por ostentar a patente de racional, carrega consigo uma responsabilidade que quase sempre ignora. Vulnerável em suas emoções, costuma perder o controle ante situações e fatos que ferem sua sensibilidade, orgulho e vaidade. É quando procura defender, de alguma forma, seu ponto de vista. Se é compreendido, reina a paz e fica tranqüilo, mas se houver discordância, aí meu amigo, a coisa se transforma. Na grande maioria das vezes, ele permite que sua fera interior ataque com garras pontiagudas, permitindo que a raiva o domine e o cegue para alternativas de conciliação.

Já nos animais, que consideramos irracionais, podemos encontrar alguns excelentes exemplos de comportamento bem mais proveitoso e que deveriam nos levar a repensar, como é o caso do nosso cãozinho – nosso melhor amigo.

Recentemente, tomei conhecimento da grande lição que a ostra nos dá. Eu já sabia que a pérola é um produto dela, mas desconhecia a forma como é produzida – um sábio ensinamento para nós, os humanos. Vale a pena repassar para quem ainda não conhece.

Começo realçando uma grande diferença existente. O homem, quando ferido, reage de maneira negativa, permitindo que suas emoções danifiquem sua saúde e deixem de resgatar algo positivo para si e para os outros. Com a ostra acontece o contrário, ela faz proveito de sua dor para produzir algo útil e belo. Ao invés de agredir o que a feriu, seja um grão de areia ou um parasita, mesmo lhe sendo uma substância indesejável, ela o acolhe em sua parte interna denominada nácar. A partir daí, para proteger seu corpo indefeso, ela passa a cobri-lo com camadas que vão produzindo a pérola.

A relevância desse procedimento poderia acontecer também conosco, ao sermos feridos por outras pessoas. Deveríamos cobrir nossas ofensas, com camadas de paciência, compreensão, carinho e amor. No entanto, preferimos persistir com nossas feridas abertas, cultuando uma raiva incontida e persistente, cujo fim só nos chega, quando sentimos nosso agressor, igualmente ferido.

O não conseguir perdoar e procurar entender nosso próximo nos iguala às ostras vazias – aquelas que nunca foram feridas e, como tal, não produziram pérolas.

No “modus vivendi” de nossa existência atual, somos constantemente agredidos. Armazenamos em nosso corpo, camadas diárias de aborrecimentos, decepções, raiva e pensamentos altamente negativos. Não dispomos mais de tempo para refletir e repensar em nossas atitudes. Precisamos de respostas imediatas para nos sentirmos recompensados. Perdemos, assim, a capacidade de empatia – esse valor primordial de nos colocarmos no lugar do outro, antes de julgá-lo.

Essa grande lição, bem que poderia ser aprendida por nós, os seres racionais, portadores de tantos conhecimentos e experiências. Talvez seja por nos sentirmos bem mais superiores que esse pequenino ser. Tão mais inteligentes e capacitados, porém, tão cegos e vulneráveis em nossos emoções, que não conseguimos, sequer, vislumbrar nossa própria luz interior!

Ercy Fortes
Enviado por Ercy Fortes em 05/09/2013
Código do texto: T4468007
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.