A menina e o piano

Era uma vez uma menina, chamada Maria, tinha sete anos e andava na primeira classe. Ela tinha cabelo muito curto, liso e castanho-escuro, olhos azuis e um sorriso tímido a fazer sobressair as bochechas coradinhas.

Vivia em sítio ermo, numa pequena casa azul com a mãe, padrasto e um irmão bebé. Não tinha amigas ali por perto a não ser a sua boneca de trapos dada pela avó, num dos anos em que tinha ido com ela para as termas. Por causa do seu reumatismo, era o bálsamo para as suas dores. Maria tinha um amiguinho imaginário, brincavam muito, viajavam juntos para a terra dos sonhos e tinham longas conversas. A amizade deles era profunda.

Maria, ansiosa, contava pelos dedos das mãos os dias que faltavam para ir ter com a prima.

Fazia seis quilómetros da sua casa até ao centro da aldeia para brincar com a prima, que vinha de Lisboa com os pais todos os fins-de-semana.

As duas primas encontravam-se na casa da avó de Ana, que era irmã da avó de Maria.

A avó de Maria era viúva e a sua irmã convidou-a a viver com ela. O seu marido andava sempre em viagem e os seus dois filhos viviam distantes. A avó de Maria tinha um grande carinho pelo cunhado e tratava-o por mano, apesar de serem primos. As suas mães eram irmãs.

Família abastada, era conhecida na aldeia pela sua generosidade. Originária de uma família humilde, com esforço, dedicação e muito trabalho, tinha criado o seu próprio negócio.

Numa tarde chuvosa e cinzenta, Maria beijou a mãe e o irmão, o padrasto estava a trabalhar, era vidreiro, e com o seu xaile, saiu de casa rumo à aldeia, com o seu coraçãozinho apertado. Era uma menina medrosa, mas a vontade de brincar e estar com a prima vencia o medo

Uma doce música chegou aos seus ouvidos a poucos metros da casa dos tios. Ana já tinha chegado e tocava piano enquanto esperava pela priminha.

A tia, mulher rica e dominadora, abriu-lhe a porta.

-Entra, entra, já vens atrasada, a tua prima está na aula de piano! Disse orgulhosa.

Timidamente cumprimentou toda a família e pediu ao tio se lhe dava licença para ir ter com a prima.

Com um sorriso nos lábios, o tio indicou-lhe a porta do escritório.

Cautelosamente, abriu a porta e sentou-se num banco ao ver a prima a tocar piano. Os seus olhitos azuis-claros admiravam a agilidade com que os dedos da prima dançavam pelas teclas do piano.

Ana tinha aulas particulares de piano. Ana achava-as um aborrecimento, enquanto a pequena Maria estava maravilhada, ela tinha muitos sonhos, um deles era ser pianista quando fosse grande. Tinha uma grande fascinação pelo piano.

Continua

Isa Castro
Enviado por Isa Castro em 11/09/2013
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