Morte dos sonhos

As lágrimas caiam-lhe no rosto cansado. A mágoa descrita em seus olhos refletiam uma vida calejada e incompreendida.

Por tanto tempo aguentava aquela situação em que se encontrava, não tinha mais de onde tirar forças para continuar.

Fora criada longe dos pais, tinha contato próximo só com um parente de segundo grau, que nem perguntava-lhe se estava bem ou mal. Acostumou-se desde cedo a trabalhar duro para ter o que comer, sentia-se humilhada por ter se deixado levar por ilusões.

Quando jovem, foi incentivada a sair de sua terra natal com promessas de crescimento profissional e prosperidade material, sua doce ingenuidade condenou-lhe à pior sentença do mundo: a morte dos sonhos.

Depois de tantos anos trabalhando diariamente em empregos que nunca davam certo, foi perdendo as esperanças. A melhor coisa que conseguiu foi um emprego na casa de um casal de idosos rabugentos. Cozinhava,lavava, passava, limpava as imundícies provocadas por eles e ganhava apenas o suficiente para sobreviver, mas isso não era nada perto de todas as humilhações que sofria dia e noite. Os velhos eram extremamente ríspidos e preconceituosos, tratavam-na como inferior por sua cor de pele.

No auge de seus 30 anos de idade, o mundo mostrava-se mais injusto do que nunca, e não sobrara autoestima alguma. Fora perdendo tudo de bom que tinha dentro de si e tornou-se um ser amargo e triste.

Como tantos outros, teve uma vida marcada por sofrimentos, arrancaram-lhe seus sonhos e trituraram a pó, fazendo com que ela desejasse apenas não existir.

Natalí Sorrentino
Enviado por Natalí Sorrentino em 27/09/2013
Reeditado em 29/06/2015
Código do texto: T4501271
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