Bárbara

“Nos últimos dias uma tranqüilidade absurdamente perturbadora atormentava Bárbara que havia se envolvido com um amigo comprometido, não ia mais às aulas da faculdade e até passou uma tarde inteira olhando vitrines de lojas, sem entediar-se, realmente incrível para alguém que odeia shopping centers.

Não estava ligando ou se importando. Narcotizada, caminhava como os demais, vestia-se como os demais, mas sua alma zumbizava. Olhava e não via, comia e não sentia, ria mas não entendia nem sabia onde estava a graça.

Barbara vivia atormentada por um fantasma do passado que de tempos em tempos tomava-a e a deixava completamente anestesiada. Sua dor havia se tornado um vírus, manifestando-se de tempos em tempos, não havendo vacina que o contivesse, cara riso falso transmitido era uma facada que recebia. Seu olhar vago só enxergava o sangue escorrer dentro do próprio peito, o alimento saciava a fome, mas tudo o que ingeria estava amargo.

O último suspiro parecia ser sempre o próximo, já nem tentava afastar o que sentia, assumia a condição, quem sabe no dia seguinte tudo voltasse ao normal, mas o normal já lhe parecia diferente e o diferente não lhe era necessário, talvez não houvesse mais como salvá-la.”

A Máximo
Enviado por A Máximo em 10/10/2013
Reeditado em 11/10/2013
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