GABRIEL

Gabriel foi o nome que deram ao menino claro de olhos azuis, que nasceu naquela manhã de setembro. Os pais Luiz e Eva já tinham quatro filhas e a chegada de um varão completou a felicidades daquele casal de humildes camponeses.

O menino foi crescendo e crescendo também foi o seu cabelo loiro cujos cachos deixavam o rosto angelical de Gabriel muito parecido com o de um anjo.

As meninas cujas idades iam dos 8 aos l2 anos fariam a primeira comunhão em uma cerimônia única, sendo que a roupa para a ocasião seria doada pelas madrinhas. O pequeno Gabriel, então com seis anos, foi convidado para fazer parte da legião de anjos que estariam a frente na fila dos catequisandos.

Dona Eva estava muito emocionada pois veria suas filhas, todas juntas, pela primeira vez receber o Santo Sacramento. Como as filhas iriam ganhar o vestido, coube a mãe preparar a túnica que Gabriel usaria e que seria suspensa por duas asas também brancas e confeccionadas em material plástico. Na hora dos ajustes finais a linha branca acabou. Para salvar a situação dona Eva fez os últimos arremates com fios dourados, retirados, quem sabe, de algum traje de batizado.

Igreja lotada, os sinos badalam e todos se voltam, o corredor cumprido, da catedral da cidadezinha, parece uma nave branca onde se nota partindo dos anjos condutores um fio de luz dourada....