A Pobre-Rica Velhinha – Um Final Feliz!

Ela não tinha nada, apenas uma pequena sacola amassada pelas mãos, marcadas pelo tempo, com os cabelos em desalinho e afinados pela idade Mas dizia que tinha tudo, tinha a vida!

Não tinha casa, mas dizia que tinha a rua, o bairro, a Cidade! Aquela pobre velhinha não tinha mesa com cadeiras, mas dizia felizmente ter todos os lugares que quisesse para sentar e degustar sua simples alimentação.

Não tinha TV, mas tinha toda a vista e acontecimentos ao vivo ao seu redor e derredor!

Assim vivia aquela pobre velhinha...

Cheia de vida e esperanças!

De vez enquanto uma alguém parava para conversar com ela e saia de lá com lágrimas nos olhos e deixavam os que podiam algo para ela, mas saiam de lá enriquecidos.

-Posso lhe chamar de vó?

Com um sorriso no rosto, vendo as lágrimas teimosas no rosto de um jovem ela respondeu!

-Pode sim, meu menino! Tão lindo! Vá em paz e olhe para Deus, ele é o seu alvo.

Aquele rapaz deixou um lanche a ela e saiu de sua presença muito feliz enxugando as lágrimas teimosas que caiam em seu rosto. Mas ele em poucos minutos decidiu voltar a reencontrar aquela velhinha.

-Vó! Posso vir sempre aqui com a senhora?

-Meu netinho, pode sim! – disse com uma alegria estampada nos olhos.

-Então “tá”! Beijos minha vó.

-Beijos meu netinho querido!

A sábia velhinha acompanhou aquele rapaz com seu olhar até sua visão cansada pelo tempo não deixar, mas conseguiu ver que em seu braço havia uma pequena cicatriz, aquilo lhe chamara sua atenção... Ficou pensativa! Tentava lembrar-se de algo, mas desistiu, foi comer do lanche que ganhara dele, depois descansou suas costas em sua preferida árvore naquela movimentada avenida. Sonhou! Que sonho!

-Nossa! Tive um sonho! – Falou baixinho consigo mesma. – Que sonho tão real! Acho que vivi isto... Não lembro!

Passados alguns dias aquela velhinha já um pouco diferente, com seus cabelos crescidos, ela um pouco mais magra, pois era inverno e poucos eram os que paravam para lhes dar algum alimento. O vestido florido desgastando-se pelo sol, precisava de outro. Lembrou-se do netinho ao ver uma cicatriz em sua perna, ela nem mais se lembrava de sua cicatriz e sorriu!

-Ai, Deus! Cadê meu netinho? Temos algo em comum e sorriu mais ainda!

Ela decidiu circular pelas redondezas para ver se conseguia um vestido “novo” para usar, estava envergonhada da situação do atual. Acabou indo para outro bairro perto dali. Batia em casas, umas, nada! Ganhava outras coisas também, alimentos, tecidos e até perfume! Ela amava a tudo que ganhava!

Por fim, parou em frente a uma casa bonita que lhe chamara atenção pelo colorido da faixada, ela adorava coisas coloridas! A garagem se abria um carro com vidros escuros descia, ela não percebeu e quando entendeu o que estava acontecendo gritou alto! Muito alto! O carro parou!

O grito foi tão alto que ela largou suas coisas e estranhando quem dirigia aquele veículo, decidiu parar e desceu o vidro da porta, percebeu que tinha alguém caído! Resolveu ir ao encontro!

- VÓ! VÓ! VÓ! – Era o rapaz! Aquele mais novo netinho! – Meu Deus, Vó! O que a senhora faz aqui? Como descobriu onde moro? Fico desesperado e viu seu joelho ferido pela queda, mas ela estava atordoada e os poucos voltando ao seu normal.

-Netinho? Abrindo seus olhos! – Meu netinho! Chorou ao ver o netinho-amigo. Ele também chorou e retornou a pergunta-la.

Vó! O que a senhora faz aqui? Como descobriu onde moro?

Com a voz trêmula respondeu.

-Não descobri meu filhinho, era que estava a andar a procura de um vestido novo e olhe o que me deram! - Sorriu ela – Ganhei muitas coisas!

Ela pode ver a cicatriz dele de mais pertinho e por um minuto ficou parada, ele se desesperou a chamando!

Depois ela deu um giro com seu olhar tentando lembrar-se de algo, mas não conseguia.

Os dois sentados na calçada, pessoas que assavam por ali viam aquela cena e se perguntavam o que era aquilo.

-Netinho! Vi que você tem uma cicatriz em seu braço, meu filho, o que foi isto? Eu vi quando você foi embora.

-Hã? Eu era pequeno, vó e subi numa árvore do quintal de casa, não dessa, a gente morava numa casa toda colorida e cheia de árvores, minha vó adorava coisas coloridas! Pena que eu não vejo minha vó há anos! Não sei por onde anda agora, sumiu de casa e ninguém mais a encontrou, deram por morta e não temos mais notícias dela! Minha mãe sofre muito com sua ausência ela era mãe do meu pai e meu pai é falecido. Acabou tendo que se conformar com tudo isso. Ela, a minha vó me salvou, mas ela ficou com uma cicatriz enorme na per...

Interrompeu o que dizia, pois percebeu que aquela velhinha desmaiara em seus braços! Pegou aquele ser tão magrinho em seus braços e decidiu levar para dentro de sua casa.

-MÃE! - Gritou ele - Veja esta senhora, a conhecei a poucos dias na saída da escola, sempre a via encostada em uma árvore e um dia parei para conversar com ela.

A mãe do rapaz espantada e meio que indignada com a atitude de carregar em seus braços uma pessoa que para ela era desconhecida, respondeu.

-Meu filho, o que é isto? Quem é esta senhora? Como foi parar aqui?

-Te expliquei mãe! Devemos ajudá-la, a senhora mesmo fala que não se vira as costas para um necessitado!

Ela entendeu as palavras do filho e viu aflição nele!

-Ela está desacordada! Leve para o quarto que era da sua irmã! O acompanhando compadeceu-se em ver a situação daquela senhora idosa – Meu Deus! Como sofre esta mulher! Vou ajuda-la.

-Sim, mãe! Eu, no carro ia batendo nela, só ouvi muito distante um grito alto e senti que o pneu passava por cima de algo, era das coisas que ganhou pelas ruas.

-Nossa! Graças a Deus não aconteceu nada de ruim com ela.

Colocou-a na cama que era de sua irmã, agora casada e morando um pouco longe dali.

-Cuidado, meu filho! Cuidado Celso! Ela está muito fraquinha, deve está se alimentando de coisas muito básicas há muito tempo!

-Sim, mãe! Mora na rua, pra menos!

-Pegue ali na farmácia os curativos e remédios. Irei tratar desse arranhão, terei que ver a perna dela. Ela respira normalmente e tem pulso, vou aproveitar para cuidar desse ferimento.

Correndo ele foi pegar o que sua mãe pedira. Cláudia era enfermeira e ali estava a fazer um ato de amor por aquele ser tão necessitado.

Tomou um susto ao ver a grande cicatriz na sua perna, lembrou-se de algo...

-Meu Deus, o que é isto? Parece muito familiar!

Enquanto tratava de seu ferimento, perlustrava aquela pobre idosa, lembrando-se de sua sogra que um dia saíra de casa.

No momento em que colocou um punhado de algodão umedecido com álcool em suas narinas ela subitamente acordou!

-Celso! Celso! Corre aqui, meu filho! Esta senhora acordou! Venha cá, rápido!

Quase caindo na entrada, teve um escorregão mas retomou o equilíbrio e foi ao encontro de sua “vó”.

-Vó! Acordou?

Sem entender do que se tratava aquilo sua mãe o indaga!

-Vó? Por que a chama de vó? Ela não é sua vó!

A velhinha pega com força o braço dela e diz com lágrimas nos olhos

-Cláudia! Cláudia minha filha! Sou eu sim, minha norinha querida!

Um clima inexplicável toma conta daquele quarto neste momento! Celso o abraça com todo o carinho chorando e dizendo em voz alta que tinha encontrado sua vó, que parecia desaparecida e dada como morta.

Fraquinha mas muito feliz olhava com muita emoção para os dois.

-Venham aqui. Quero abraça-los! Minha norinha! Claudinha, sempre atenciosa! A casa continua colorida, como eu gosto... A cicatriz no braço do meu netinho, Celso! Ah que menino levado... Minha nossa! Recuperei minha memória! Recuperei parte da minha vida!

***FIM***

Apendemos que nada acontece por acaso!

Para tudo existe um plano, exclusivamente para as pessoas de bem!

(Márcio Silva)

Simplesmente Márcio
Enviado por Simplesmente Márcio em 13/10/2013
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