UMA DOSE DE CAIPIRINHA. UMA DECISÃO. O AMOR.

Ricardo entrou dentro de casa. Estava pensativo. Seus olhos profundos, como se buscassem por uma resposta que não vinha. Foi até a geladeira, dois limões e a garrafa de cana. No balcão pegou o açúcar. E lentamente preparou seu aperitivo. Foi para a varanda, sentou-se na velha cadeira forjada em madeira boa, pôs seu copo na banqueta, e se pôs a pensar.

Sua memória o levou até o dia em que conheceu Mariana. Moça bonita e formosa, que logo que adentrou no bordel lhe dispendeu um belo sorriso. Ricardo não conseguia entender, mas no mesmo momento sentiu que aquele não era um sorriso de china a cata dos cobres que iam no bolso. O olhar daquela menina era diferente, meigo, terno como nenhuma outra rapariga o olhara. Ficou assíduo, e toda semana estava lá visitando o bordel da Tia Almerinda.

Quanto mais passava o tempo, mais se envolvia com a menina. Ela também transparecia o desejo por sua pessoa. Assim, vez por outra ela até ia na sua casa. Fazia bons almoços, lava suas roupas com a dedicação que só sua mãe tivera quando viva. Mas agora seus pensamentos confundiam-se, estava na hora de tomar uma decisão.

As idéias se confundiam. Ricardo tinha de decidir. Sempre soube que a sociedade reprovaria, muitos até falariam. Os comentários, previa, o quanto maldosos seriam. Refletia se valeria a pena passar pelas provações que apareceriam, das dificuldades. Mas também se irritava com seus medos, a cada dia que conhecia Mariana, via o quanto ela era especial, companheira, dedicada. Desde que se conheceram, ela sempre o apoiando, até mesmo em suas dúvidas quanto ao futuro dos dois. Ricardo pensava se era justo se furtar de um amor pelo que a sociedade pensa, das regras que cria. Quem poderia dizer que Mariana não prestava, ele sabia de tudo que a levou á prostituição, da família dilacerada, dum país que cria um abismo entre ricos e pobres. Como criticar alguém por suas escolha, pelos caminhos, certos, ou errados, que tomam durante suas vidas.

O ultimo gole da caipirinha desceu mais macio que os outros. Desferindo um murro sobre os braços da cadeira, não tinha mais dúvidas, estava decidido. Seu julgamento estava tomado, no dia seguinte iria até Mariana, pegaria suas coisas e a levaria para viverem juntos, até o quão eterno durasse seu amor.

Douglas Eralldo
Enviado por Douglas Eralldo em 17/04/2007
Código do texto: T453210
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