Fonte da imagem: Alma cigana

 
O cheiro do café ainda toma conta da minha imaginação. Na cozinha o fogão à lenha, e meu sonho de poder comprar um fogão que diminuísse o desgaste físico de minha vó. Nas férias eu acompanhava o seu dia a dia, e ia buscar lenha  num lugar não tão próximo, quando a lenha que meu tio trazia todo final de semana, acabava. Ela um feixe, eu, poucas unidades nos braços.
Hoje olho para o retrato do passado, em meu mapa mental , e vejo que o amor era demais, em meio a simplicidade da casa  no município de Tanquinho- Bahia , eu me sentia a princesa, menina faceira, cheia de vida. Brincava arrumando os pertences da minha vó. Ela tinha uma necessidade imensa de colecionar frascos, latas, sacos de embalagens, enfim, tudo que no seu imaginário ...um dia... poderia  precisar. O seu “vício” para mim, virava brinquedo.
 Adorava ficar com ela , final de tarde era o momento supremo, pois durante o café das cinco horas, (para ela , a janta , pois “dormia com as galinhas”) contava histórias que me faziam rir ou refletir.
Sua voz ainda soa nos meus ouvidos, voz que foi ficando trêmula com o passar do tempo. Ainda lembro  do café sujando a roupa , pois sempre lutou pela independência, e não aceitava que desse  a ela  na boca, o alimento.
Aos 93 anos de idade pediu  demissão do mundo e foi. .. seu novo endereço ainda não sei, mas tenho certeza que habita um lugar tranquilo, bonito, enquanto aguarda cada membro da família, que também vai pedindo as contas deste plano terrestre.
 
 
Leah Ribeiro Pinheiro
Enviado por Leah Ribeiro Pinheiro em 23/11/2013
Reeditado em 26/01/2018
Código do texto: T4582882
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.