AS ÚLTIMAS COISAS DO MUNDO (EPÍLOGO)

Jurandir agora é um bebê na barriga de sua mãe. Daqui algum tempo irá nascer e chorar, sendo a única coisa que conseguirá fazer. Pois está triste, sabe que morreu. Mas depois, ao ir para o colo dela. Se acalmará e entenderá que a natureza tem a sua sabedoria. Ainda restam alguns anos de vida para Jurandir, por certo alguns anos que já foram, mas que não podemos dizer que realmente tenha vivido, pois são estes anos dos quais que se dizem iniciais e que, até o capítulo anterior, Jurandir não tinha lembrança alguma.

Agora e levai engatinhar, aprender a caminhar e brincar e brincar e brincar, e sonhar e sonhar e sonhar, e quando chegar ao momento de sua lembrança mais remota, e provar daquele saboroso bolo, aí terá vivido toda sua vida, muito embora, neste ponto, de certa forma, ela esteja apenas começando tudo outra vez. Afinal de contas, é possível que uma história nunca se dê por inteiro, pois talvez e, só talvez, as últimas coisas do mundo foram, ou serão um dia, também as primeiras.

Lucas Esteves
Enviado por Lucas Esteves em 12/01/2014
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