O Caderno Eterno

Jogou-se no rio que convidava ao banho, suas águas frescas diante de um sol implacável convidavam, naquele calor tórrido qualquer pessoa em são juízo desejaria entrar na água, mesmo que ficasse só em pensamentos.

Com roupa e tudo, deixou só o caderno, o dito "caderno eterno" à beira.

Ali, ficou relaxando, fechava os olhos enquanto boiava.

Surgiram do nada,três colegas da escola, Paty, Lúcia e Mellisa. E por curiosidade, foram vê-lo no rio. Disseram: Carlinhos! Vamos dizer pra sua mãe que tá banhando no rio na hora da escola! (sorriam estridentes e com ar de satisfação peculiar dos adolescentes). Ele, que estava em pleno sossego e de olhos fechados boiando, abriu os olhos e disse: Me pegaram! Virou na água e seu pensamento foi como uma flecha no "caderno eterno" e nadando muito rápido, dizia: não! naão! naão!

Era tarde, elas já tinham aberto e visto os desenhos que haviam nele, tentando entender as figuras desenhadas e coladas dentro do caderno eterno. Ele, todo molhado, vai muito irritado e grita: Deixem minhas coisas! Vão embora daqui suas doidas! Vão! vão! Elas recuaram um pouco e assustadas, falavam umas com as outras em baixas vozes.

Elas revidaram com a seguinte frase, a porta-voz Lúcia falou: Você vai se dar mal, vamos contar para sua mãe! E como que se tivessem treinado, viraram e deram às costas no mesmo instante, bufando de irritadas. A Mellisa de uma certa distância gritou: Quem pensa que é? Pra gritar com a gente assim, seu moleque? Vamos nos vingar, vai ter a volta!

Então, todo molhado sentou na areia e via o rio, enquanto rios corriam de seus olhos, pegou o caderno eterno e disse: Elas não sabem quem me deu este caderno, não deveriam pegá-lo. Abriu o caderno, debaixo de um sol escaldante, eram onze da manhã, nele estava escrito: "Para o meu eterno amigo, meu eterno filho, meu eterno neto, este caderno é eterno, enquanto existir a lembrança ou a vida em um de nós. Para meu neto, que me fez sonhar de novo... João Alfaiate."

Ele chorou e riu, dizendo: Vovô, você é eterno, ainda tô vivo e ainda lembro de ti. E levantou-se da areia e pegando tudo o que tinha correu...

José Lins Ferreira
Enviado por José Lins Ferreira em 23/01/2014
Reeditado em 23/01/2014
Código do texto: T4661476
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