"Talento é quando um atirador atinge um alvo que os outros não conseguem. Gênio é quando um atirador atinge um alvo que os outros nao vêem.
Arthur Schopenhauer
 
                Um dia me interessei pela justiça, sonhei com ela, tive as minhas visões, imaginei que a vida seria cheia de uma justiça divina, editada e executada por homens de toga, por pais, por professores, finalmente por lideres e chefes, onde o homem bom seria premiado e o homem ruim, o grande malfeitor, seria punido, excluído do convívio social, segregado a uma ilha deserta como Napoleão.
                Efêmero, enganoso, pois de algum, referencial, até mesmo da lua, todos nós somos malfeitores, seres errados e imperfeitos. Consequentemente a mais bela mentira dita a Justiça é suprimida logo na infância, depois sofremos a corrosão de uma sociedade individualista e, de forma instantânea esperamos a justiça divina (estranhamente ausente), se poucos acreditam em Deus, menos ainda acreditam em sua justiça.
                O dia a dia tem que ser suportado, vivemos achando ora que temos de menos, ora que temos muito mais que merecemos, para o supremo filósofo Immanuel Kant “Pode-se avaliar a inteligência de uma pessoa pela quantidade de incertezas que ela pode suportar”. Esta verdade também é valida para a justiça, incerta, frágil e gelatinosa, a justiça sobrevive de erros nunca descobertos.
                A vida é uma estrada escura, onde as margens são desconhecidas, como falei uma vez, viver é correr em uma camada de gelo fina, com um enorme precipício embaixo, se corremos poderemos escorregar e perder o rumo e se ficarmos o gelo pode se quebrar, vamos cair em um precipício, então só nos resta olhar para frente, uma caminhada sem parada, sem freios, onde o racional é usado como um acessório (poucas decisões são realmente racionalizas antes de serem tomadas).
                Para Friedrich Nietzsche a "A justiça é uma troca”. Essa frase é extraordinária e mostra a perfeição do pensamento do filósofo alemão, moderna e mais edificante que muitas dissertações sobre a justiça, mostra que no comércio das verdades temos sempre que “ter” algo para a troca (que a justiça exige: uma amizade poderosa, dinheiro, beleza, etc.), o inevitável sofrimento só pode ser evitado com a grande barganha –(minha alma corrompida pelo meu desejo de justiça), a troca  é o trunfo do outro.
                Para Friedrich Nietzsche: "Eu tenho o meu caminho. Você tem o seu caminho. Portanto, quanto ao caminho direito, o caminho correto, e o único caminho, isso não existe. Tudo o que é reto mente. Toda verdade é sinuosa. O próprio tempo é um círculo”.
                Acreditar na justiça pode ser como acreditar em Deus, um mito, um ato solitário e às vezes um tanto doloroso, pois diante de grandes injustiças existem intermináveis silêncios.
 
 
JJ DE SOUZA
Enviado por JJ DE SOUZA em 03/02/2014
Reeditado em 03/02/2014
Código do texto: T4676483
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.