O louco do Vinicius
Ele tinha trinta anos, mas em sua cabeça pensamentos de um homem maduro. Costumava passar horas lendo poemas de Vinicius, a canção Primavera de Carlos Lyra e Smile de Chaplin poderiam ser perfeitamente seu fundo musical predileto, caso fosse um filme sua vida.
Às vezes, passava horas fugindo da realidade persistente de um desejo que vinha sendo mantido a cada dia, a custo de auto terapia, isto é, sessões do dia em que lia e escutava boas canções para distrair-se.
A cada dia esse tipo de "terapia" fazia menos efeito, porque era inevitável que o desejo se manifestasse um dia desses, foi sendo vencido e gradualmente foi cedendo, cedia um pouco hoje e um pouco mais amanhã, mais um pouquinho depois, daquele amanhã.
Então, nesse entregar-se foi voltando suas ambições para o papel e escrevia nas horas tensas, expressava-se e extravasava seus sentimentos puros de viver um amor quase eterno, mesmo sendo impossível.
Dizia: O louco do Vinicius me fez acreditar de novo no amor a dois...
Aí encontrou, uma ruiva e alta de olhar penetrante, com quem mostrou interesse incomum pela poesia, mostrando a ela estas coisas, ela ria e dizia: que coisa, nunca tinha lido algo belo como isto.
O certo é que depois da ruiva, nuca mais escreveu o tal do Frederico, porque a poesia que buscava tinha cor ruiva.