Muladeiro (capítulo XXIII)

Três horas seguidas de conversa foram insuficientes para saber quem tinha sido Teodoro. Indignação, desespero, choro, intrigas, mentiras, assassinatos fizeram parte do passado daquele que fora o protagonista do diálogo.

Sem saber o que fazer, tampouco o que pensar, Israel revelou aos tios da criança, que a vizinha, Mariquinha, estava com a guarda provisória de Antonio, cujas ordens foram dadas pela autoridade da cidade. Mas, o que Israel e Minduim não sabiam é que Irineu adiantou-se e reservou aos parentes diretos, o pleno direito de guarda, desde que se apresentassem com provas registradas o grau de parentesco.

____ Vocês estão falando do Dr. Irineu? - indagou o tio mais velho.

____ Sim, doutô, ele mesmo - respondeu Minduim.

____ Fiquem absolutamente sossegados. Estudamos com Irineu. Nós o conhecemos de longa data. Sabemos que ele é justo e correto. Temos pouco contato, é verdade, mas quando nos apresentarmos, ele logo vai se lembrar dos "Vaca Lambida", pois era assim que ele nos tratava, devido ao nosso cabelo estar sempre com pomada para cabelos rebeldes.

Nesse instante, os quatro soltaram uma singela risada, o que denotou o início de uma parceria e amizade, que poderia render bons resultados.

O que estava em voga era o destino do pequeno Antonio, agora órfão, completamente desorientado e desolado. Seus tios paternos comprometeram-se em jamais abandonar o sobrinho, após tanto desgosto e desencontros. Sabiam que a criança precisava de atenção, cuidados e de um lar com pessoas corretas, e de bom exemplo a ser seguido.

Aparentemente menos tensos, e com combinados entre si, todos na sala se despediram, porém com assuntos pedentes e de fácil resolução.

Adentraram no veículo, partiram discretamente e aos poucos a poeira voltava ao chão, deixando apenas as marcas dos pneus.

Silvana Goes
Enviado por Silvana Goes em 25/03/2014
Reeditado em 25/03/2014
Código do texto: T4743473
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