A vendinha  ficava exatamente ao lado desta árvore...

     
     Antonio após vários dias roçando pasto numa empreitada, chegou a sua casa eufórico, doido para contar a novidade à esposa e aos filhos. Era algo que nem ele acreditava. Como havia feito um negócio tão bom? Era seu dia de sorte!

     Tudo aconteceu naquela noite quando voltava para casa e parou numa vendinha à beira da estrada, a fim de comprar algumas balas para agradar seus filhos que sempre esperavam algum agrado.

     Numa conversa com o proprietário, soube do desejo deste de passar o comércio adiante. Porém, o mais interessante era o preço bastante acessível até para ele, um trabalhador rural, que possuía de seu, apenas um ranchinho, algumas galinhas, uns porcos no chiqueiro e uma vaca com bezerro novo.
     
     Ao ser questionado sobre o motivo de se desfazer de uma venda tão bem sortida, o dono alegou que por motivos de doença da esposa, precisavam mudar-se para a cidade e não tinha ali no povoado ninguém que pudesse comprar.

     Antonio sem pestanejar fechou negócio naquela mesma noite. Muito contente, o proprietário ainda mostrou-lhe os outros cômodos da casa. Era uma boa construção. Os fundos da venda serviriam perfeitamente bem para abrigar com algum conforto, a mulher e os quatro filhos.

     O carro de bois carregando as poucas coisas da família chegou ao local quando anoitecia. Joana, ao olhar a casinha, concordou que o marido tivesse mesmo feito um bom negócio e não havia exagerado em nada. De fato era um lugar bem agradável, apesar de ser noite. Certamente quando amanhecesse o dia iria gostar ainda mais do lugar.

     Cedinho, Joana abriu as janelas a fim de começar a arrumação. Qual não foi sua surpresa quando viu bem a frente de sua nova moradia, do outro lado da estrada, um murro de pedras escuras e portão de ferro de aspecto estranho.

       A mulher de Antônio sempre foi supersticiosa. Resolveu ir até lá para confirmar suas suspeitas. Sim! Aquele muro cercava um cemitério! O pior é que ficava a poucos metros da venda e quando se abria a janela da sala via-se o muro e o portão de entrada.  Abrindo a porta da cozinha ela podia avistar perfeitamente as cruzes dos túmulos...

     Decepcionado, Antonio não conseguiu convencer a esposa a continuar morando naquele local. Mais tarde soube que era o quinto dono daquele estabelecimento. Todos os outros desistiram do negócio por conta dos “vizinhos silenciosos”.

         O jeito foi decretar falência antes mesmo de começar a nova empreitada e aguardar um novo comprador para a vendinha da beira da estrada que ficava em frente ao cemitério.
       
                                   
Entrada o povoado
          
           
A capelinha do povoado hoje em dia é assim

         
            O cemitério continua o mesmo



Todas as fotos  são do local onde aconteceu a história, ha muitos anos. Mudei o nome dos personagens. 


    Este texto faz parte do Exercício Criativo - Abrindo Falência
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Maria Mineira
Enviado por Maria Mineira em 07/04/2014
Reeditado em 07/04/2014
Código do texto: T4760083
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