Da Tolerância (primeira parte)

Agora sentada não tenho o que falar com as pessoas. Talvez qualquer aproximação seria desnecessária. É simples chegar e oferecer a elas atenção ou alguma coisa, porém se não ofereço, elas também não.

Sigo sempre só observando e já está de bom tamanho. Até preferiria não assistir a isso todo dia, mas este é meu círculo social, pego sempre os mesmos ônibus, para os mesmos caminhos, o que torna quase impossível uma mudança de cenário.

Ficar só não me incomoda, mas me faz pensar. Penso no meu comportamento quando bebo. Se começo a convidar da bebida, logo terei muitos amigos em roda. Prefiro não oferecer, mas depois de um certo estágio torno-me mais sociável, disposta a falar e aceitando assuntos mais banais, chegando a movimentar-me pela rua com outras pessoas ou até sacudir minha cabeça com metal, e em sã consciência eu não sacudo a um metal, ou seja, beber aumenta minha tolerância.

Luise Frantz Veronez
Enviado por Luise Frantz Veronez em 10/05/2007
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