O Doce Olhar De Claricia

Por volta dos anos cinquenta. Em um lugarejo no Município do Estado do Rio de janeiro, pequenas casas abrigavam famílias vinda do interior. Naquela época, pequenos lavradores deixavam suas regiões onde trabalhavam de meeiros na terra, deixando também para trás suas origens em busca do progresso.

Muitos vieram, e conseguiram trabalhar em cerâmicas, onde se processava o barro na fabricação de telhas e tijolos para construção de casas. Nessa época, as coisas pareciam mais fáceis.Era tudo tão simples ! Menor preocupação, dormia-se com as janelas abertas e quando muito acontecia, falar em roubo, era furto de galinhas. E das mais mansas. Ou os ladrões, eram mais espertos do que elas.

E Assim seguiam-se os dias ! Quem podia, depois de algum tempo de trabalho, comprava logo seu pedacinho de chão. Assim sendo, de tempo em tempo a vizinhança aumentava e novos fatos surgiam. Com o surgimento de tanta gente, tem sempre quem marque à nova história. E foi assim que surgiu Claricia.

Claricia não era uma menina, se não uma jovem senhora de doces gestos, que entre as demais podia se dizer a mais bela ! Aparentando dezoito anos de idade apenas. Todas as manhãs, Claricia levantava-se e como uma princesa sentava-se à mesa de sua varanda usando um robe de seda azul turquesa, outras vezes cor de rosa, ou pérola que caiam sobre seu corpo adornando-a com uma elegância inigualável...sua pele clara, parecia uma pétala de flor !

Seus cabelos a altura dos ombros, as vezes cobriam seu rosto ao servir o café. Mas ao levantar a xícara para leva-la à boca, logo se via quão admirável eram seus olhos castanhos amendoados em contraste com a cor dos seus cabelos negros e lisos. Seus olhos ressaltavam o brilho do seu olhar. Os lábios de Claricia, sempre em tom rubro abriam-se lindos sorrisos a qualquer criança pobre que a cerca de sua varanda, passasse uniformizada para á escola. Pois ela deixara parte de seu terreno como servidão aos que do outro lado moravam.

O esposo de Claricia, quase não se via. Pois; cedo era sua ida ao trabalho, e tarde era seu regresso ao lar. Sempre a mesma rotina.

Os anos se passaram, os seus filhos nasceram pouco espaçados. Claricia continuava a mesma bela mulher. Agora porém, com um olhar tristonho...certo dia ela não mais apareceu .Vieram logo os curiosos vizinhos, e cada um dizia uma coisa.

-Sabe aqueles burburinhos ? Pois bem, cada um falava uma coisa.

Algum tempo depois Claricia reapareceu.E todos buscavam vê-la. Olhavam à varanda,as frestas das janelas mais próximas,mas pouco se via...quando ela aparecia, seu olhar era triste e confuso parecendo não entender a curiosidade de seus vizinhos.Alguns anos se passaram assim.

Dos três filhos que tivera apenas o do meio era menino... e as meninas, nenhuma herdou sua beleza.Tão pouco sua simpatia.

Já adolescentes, causavam tremenda confusão com quem quer que fosse, que por ali passasse. A varanda de Claricia , não era mais a mesma que antes fora. Faltava seu meigo olhar, seu doce sorriso,os acenos de suas mãos delgadas. E todo aquele encanto em forma de mulher.

Só havia ali o silencio angustiante de sua ausência no ar...ao certo nunca se soube o que aconteceu a Claricia.

- Uns diziam que ao dar a luz a um dos seus filhos,teria passado a sofrer de insanidade mental.

-Outros, que ela havia contraído uma doença tão grave que não se atreviam a se quer dizer o nome.

- Mas o fato é que Claricia, jamais reapareceu novamente. Deixando as crianças uniformizadas, apenas a saudade das saudações matinais tão encantadoras... que assim como apareceu naquele lugar um dia, se foi deixando para sempre apenas lembranças, e a incógnita do que de fato aconteceu a Claricia.

Gracia Fernandez.

Gracia Fernandez
Enviado por Gracia Fernandez em 29/05/2014
Reeditado em 29/05/2014
Código do texto: T4824573
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