Stacey e Madie e as bolhas

Stacey de longa data era amiga de Madie, ia às tardes quentes para a casa dela, rir, divertir-se, na verdade era um prazer imenso para ambas estarem sempre juntas, coisa de amigos dos velhos. Também pudera, desde a 3ª série eram amigas e cada dia gostavam muito mais uma da outra.

Certa tarde Madie estava estudando para uma prova de cálculos que pareciam feitos por Einstein, aliás a Madie era muito desentrosada com números, então, resolveu desligar-se um pouco da prova, pegou o telefone e ligou para Stacey, que estava vendo um filme com sua irmãzinha Kelly, atendendo seguiu-se o seguinte:

-Stacey, Stace, por favorrrr vem prá cá, preciso de você!

-O que houve? Que aconteceu? Por que isso?

-Não é nada, sou estou precisando da minha maior amiga nessa vida! Hahaha! (risadinha estranha e comum aos adolescentes amigos).

-Tudo bem sua louquinha, tô chegando aí em uns 10 minutos..

-Te espero com biscoito e suco de laranja...

-Acho boa essa ideia..

-Tchau!

-Tchau!

Virou para sua irmã que estava focada no filme como que quisesse entrar na TV, disse:

- Mudanças de plano, maninha!

-Ah, não?! Vai me deixar sozinha com a mamãe?

-Desculpe, dessa vez vou ter que sair, urgência feminina...

Pegou a camiseta e arrumou rápido o cabelo, quando a irmãzinha dela a procurou, viu somente a porta batendo... PÁAAA!

E no caminho foi ligeira e surpreendentemente coisas ocorreram no trecho percorrido, talvez noutro momento poderemos dizer o que houve, caso a Stacey deixe-nos falar, sabe como são as meninas, sinônimos de segredo. Voltemos a narrativa:

Stacey entrou repentinamente na casa de sua amiga chorando com um machucado no joelho, o sangue ia descendo pela perna da menina. Abriu a porta apressadamente e procurando um assento, grita: Madie! Madie! Madie! E chorava.

Madie que estava no quarto ao ouvir os gritos, vem correndo, esbarrando nos objetos da casa. Ao ver sua amiga, diz: Oh meu Deus! O que aconteceu? A essa altura a perna dela estava toda vermelha do sangue não coagulado. Como não houve resposta, mas ainda chorava sem querer consolo. Madie foi pegar os primeiros socorros, limpando rapidamente a ferida do joelho, viu que o ralado da perna dela não era profundo ou grave. Ficou irritada e disse: Pare de chorar, parece um bebê! Ela continuava chorar. E Madie grita: É só um machucadinho! É tão pequeno que não leva nem ponto se for ao posto médico!

-Não, não é só um machucadinho!

- Quem dera Madie, o machucado é maior do que pensa, se a ferida no meu coração sarasse tão depressa como a do meu joelho!

- Se com uma pomada aqui parasse de doer, seria ótimo, mas não é assim... não é assim...

Nessa altura Madie entendeu porque ela estava chorando daquele jeito, ficou bem perto e pegou uma gaze do Kit de primeiros socorros para enxugar o rosto de Stacey.

-Sei que não assim, mas vai sarar!

E as duas se abraçaram, enquanto do quarto se ouvia música alta e som de TV misturado. Diminuindo a intensidade do momento, logo as duas levantaram-se e olhando-se, aconteceu que riram daquele jeito tipo “nossa que papelão”. E riram muito, enxugando as lágrimas e rindo freneticamente, gente normal surta de vez em quando e pode acontecer com você.

Depois de recuperadas, passaram boa parte do dia lendo, estudando diante da TV, pelo fim de tarde, foram à casa de Stacey. Chegando perto da casa viram bolhas de sabão, subindo 10, 20, 30, 40 metros explodindo nas árvores e no chão, no ar silenciosas como bolhas. Admiravam aquela visão caladas e os olhos delas buscavam a trajetória das bolhas no entardecer vermelho do astro rei, caminhavam e ao chegar em casa, Stacey vê Kelly com um canudinho e água de sabão fazendo bolhas.

Então, diz: É você que tá fazendo as bolhas!

Kelly responde: Não tinha nada para fazer. Vim para cá fazer bolhas! Fiz uma enorme, do tamanho da minha cabeça, mas ela explodiu bem no meu nariz. Foi incrível, eu vi meu reflexo dentro da bolha!

Stacey diz: Me dê esse negócio, deixa eu vê se consigo fazer uma grande!

Kelly: Pega, vou rapidinho na cozinha, mamãe fez bolo.

Stacey sentou-se no chão que estava cheio de capim verde e Madie ao seu lado sossegada, soprando bolhas e falava palavras poéticas.

Na primeira bolha, disse: A vida é uma bolha.

Na segunda: Bela e frágil.

Na terceira: Rápida e flutuante.

Na quarta: Deve ser transparente para todos.

Na quinta: Deve explodir com beleza.

Na sexta: Deve refletir nossos risos e face.

Na sétima: Que sejamos como crianças, sempre soprando bolhas e fazendo coisas simples, como comer bolo da mãe.

Nesse instante a calada Madie disse: Dá esse canudinho pra mim, quero falar algo. Rapidamente pegou da mão de Stacey.

Soprando a bolha, disse: Que sempre tenhamos amigos.

E olhando uma a outra, riram enquanto viam a bolha subir levada pela brisa da noitinha, até que explodiu em milhões de micro gotas.

E continuaram a soprar bolhas, naquele entardecer vermelho.

(Um dia qualquer)

José Lins Ferreira
Enviado por José Lins Ferreira em 09/07/2014
Reeditado em 29/08/2014
Código do texto: T4875750
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