Um Dia Como Outro Qualquer
Abro o segundo pacotinho de açúcar, os pequenos cristais dançam com o vento…
É certo que hoje será um dia como outro qualquer.
Porque estar viva?
Algumas vezes pareço ser melhor, mas é tudo ilusão de ótica.
O silêncio é pura ilusão, eu gostaria que não fosse, o barulho da vida tem sido ensurdecedor.
Então a chuva… A padaria está cheia, palavras e mais palavras vociferadas, abarrotadas, incansáveis, vazias… Há uma infinidade que elas não abarcam, não dizem, não compreendem. Devo modificar minha estrutura. Implicará no que? A estaticidade é uma ilusão – ainda bem.
O café aguarda, ainda quente.
É certo que hoje será um dia como outro qualquer.
Apenas eu no pequeno toldo da varanda, de frente para a chuva, que não cessa, impõe sua tempestade, sua realidade…
Ou falta de capacidade de sair da minha zona de conforto?
Hoje me aproximei mais do significado de se auto conhecer e isso me tem afastado do caminho… Confesso minha covardia. Minhas asas se partiram. O café ainda paira na xícara, absorto vendo a chuva molhar a vida, acanhar os corpos… Engoli quase de uma só vez o pão de queijo, minha caneta escorrega afoita linha a linha, que descortina meus passos descompassados até aqui. Descortina as mentiras abarcadas, vividas como algo real, palpável. Descortina a decepção latente a qual me entrego ao encarar o espelho…!